Vasos de Honra

terça-feira, 20 de junho de 2017

LOUVOR PELA SALVAÇÃO


Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: Isaías 12:1-6

Introdução: O capítulo doze de Isaías fala “das fontes da salvação”. Mas, o que significa salvação? Salvação é livramento de um estado de perigo ou de opressão. Israel foi escravizado e oprimido pelos egípcios, mas Deus viu a aflição de seu povo e determinou efetuar neles um grande salvamento. E, desfrutando dessa salvação, o povo rompeu em louvor e gratidão a Deus. No cântico de Moisés, ouviram-se estas palavras: “O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação; este é o meu Deus; portanto, eu o louvarei; ele é o Deus de meu pai (Abraão); por isso o exaltarei” (Ex. 15:2). Salvação é sempre motivo de ações de graças. Israel experimentou muitos salvamentos, livramentos de seus opressores, que são exemplos práticos da riqueza da nossa salvação espiritual, um livramento do poder escravizador do pecado.

O Ap. Paulo ensinou que as Escrituras Sagradas podem nos tornar “sábios para a salvação pela fé em Jesus Cristo” (2Tm. 3:15). E o Ap. Pedro enfatizou: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At. 4:12). Os judeus tentaram se salvar pela prática das obras da lei. Mas, jamais alcançariam a salvação por esforços próprios, porque somos pecadores e incapazes de prestar a devida obediência. Além disso, a Bíblia ensina “que ninguém será justificado (declarado inocente) diante de Deus por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm. 3:20). Portanto, sabendo que a lei somente nos dá conhecimento da nossa culpabilidade, temos que descobrir o que a Bíblia diz sobre o caminho certo que devemos seguir para sermos salvos das consequências do nosso pecado; a saber: “penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder”, para conceder uma outra oportunidade, (2Ts. 1:9).

Desde o pecado de Adão e Eva, toda a sua descendência tem precisado de socorro e salvação, porque todos nascem com a pena de morte pairando sobre a sua vida. Portanto, essa realidade tem que ser reconhecida e temida. O evangelho nos oferece o único meio pelo qual podemos ser salvos: exclusivamente pela fé em Jesus Cristo e em tudo o que Ele fez por nós quando deu a sua vida em resgate por muitos. A ordem agora é: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério” (At. 3:19-20). Importa que adotemos esse meio, pois fé em Jesus Cristo é a nossa única esperança. Agora, para nós, que cremos no Filho de Deus, e que estamos experimentando as bem-aventuranças do perdão de todos os nossos pecados, podemos sentir a razão do louvor que está registrado em Isaías, capítulo doze.

1. A Maravilha da Salvação, Vs.1-2. A referência “Naquele dia” é de quando o Espírito Santo aplicou a salvação, adquirida por Jesus Cristo, à nossa pessoa. E, com o reconhecimento dessa dádiva, somos incentivados a orar: “Graças te dou, ó Senhor, porque, ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolas”. Essa “ira” que sentimos pesando sobre o coração foi tomada pelo Espírito Santo para nos “convencer do pecado, da justiça e do juízo” (Jo. 16:8). E, compungidos em nosso coração, clamamos em desespero: “Que faremos?”. E, logo veio a resposta: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado (purificando-se pelo abandono do pecado) em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At. 2:38). Uma vez convertido, a ira de Deus se retira, e o Espírito Santo começa a nos consolar com palavras que comunicam a bem-aventurança do perdão de nossos pecados e da justificação diante de Deus, (Rm. 4:6-8).

O versículo dois expressa a alegria daquele que é salvo pela fé em Jesus Cristo. Louvamos a Deus quando testemunhamos tudo o que Ele fez por nós e o que Ele faz por nós, e como confessamos a nossa confiança nele. “Eis que Deus é a minha salvação”. Ele age em nosso favor, cuida de nós e supre todas as nossas necessidades. E, tendo a experiência dessa salvação, declaramos a nossa disposição diária: “Confiarei e não temerei, porque o Senhor Deus é a minha força e o meu cântico”. Todos nós temos que aceitar desafios, pois eles são parte da vida cristã. Para nós, que cremos em Jesus Cristo, unidos com Ele, talvez, o primeiro desafio é aceitar e praticar o que está implícito em nossa união com Cristo. Temos que considerar e reconhecer que, com ele, morremos para o pecado, de maneira que, agora, o pecado não terá domínio sobre nós. A nossa antiga servidão ao pecado recebeu a voz de libertação. Agora, somos livres para nos oferecer a Deus, como ressuscitados dentre os mortos, e os nossos membros a Deus, como instrumentos de justiça, (Rm. 6:6,12,13). Cantemos ao Senhor: “Ele se tornou a minha salvação”. A multidão dos redimidos no céu exclamou em grande voz, dizendo: “Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação” (Ap. 7:10). Nada da parte dos redimidos, tudo foi da graça de Deus. A Ele, pois, seja toda a glória, com ações de graças!

2. A Matéria da Salvação, Vs. 3-4. “Vós, com alegria, tirareis água das fontes da salvação”. Jesus Cristo é a fonte da nossa salvação. Como uma fonte de água, podemos chegar a ele e beber à vontade, porque Ele mesmo nos convida: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (Jo.7:37). O que sacia a nossa sede espiritual é conhecer mais e mais, e descobrir o que Cristo pode nos oferecer; nele achar uma abundância inesgotável, e tudo sem preço: “exultamos com alegria indizível e cheia de glória” (1Pe. 1:8). Podemos sentir a matéria que vai satisfazer a nossa sede espiritual nas sete grandes “eu sou” que Cristo assumiu para si mesmo: Ele é “o pão da vida”, (Jo.6:35). Aquele que vem a Cristo, pela fé, experimentará uma satisfação espiritual que o encherá de plena realização. Como Cristo prometeu: “O que vem a mim jamais terá fome”. Ele é “a luz do mundo”, (Jo. 8:12). Aquele que segue a Cristo não andará nas trevas da perdição, antes, terá a luz que o guiará para a vida eterna. O salmista confessou: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos” (Sl. 119:105). Ele é “a porta”, (Jo. 10:9). Nele, temos acesso ao “trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb. 4:17). Essa porta é única, por isso, o salmista disse: “Esta (a Pessoa de Jesus) é a porta do Senhor, por ela entrarão os justos” (Sl. 118:20). Ele é “o bom pastor”, (Jo. 10:9). Ele é o pastor por excelência que cuida de nós durante a nossa caminhada rumo ao céu. “Ainda que eu ande pelo vale da morte (uma aflição ou teste fora do comum, como no caso de Jó), não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão (instrumento usado para guiar e defender) e o teu cajado (instrumento usado para dar equilíbrio no andar), me consolam” (Sl. 23:4). Os dois instrumentos davam ao pastor confiança no exercício de seu trabalho. A Cristo pertence o poder para cuidar de cada um de seus redimidos. Ele é “a ressurreição”, (Jo. 11:25). Todos nós podemos aguardar a morte e sepultamento, mas este não é o fim da nossa existência, seremos ressuscitados dentre os mortos, a fim de estarmos com o Senhor para todo o sempre, (1Ts. 4:16-17). Ele é “o caminho”, (Jo. 14:6). Ele não apenas nos mostra o caminho para as moradas celestiais, antes, Ele mesmo é o caminho; portanto, andando em plena harmonia com Ele, chegaremos, com confiança, ao lugar preparado para aqueles que o amam. Jesus, como precursor, abriu o caminho, tirando dele todo e qualquer obstáculo, para que nós pudéssemos andar nele com toda segurança. Ele é “a videira”, (Jo. 15:5). Cristo é como a videira, e nós, o seu povo, somos os seus ramos. Os ramos são totalmente dependentes da seiva que recebem do tronco, pois, sem essa ligação, não teríamos como viver. Cristo acrescentou: “Sem mim, nada podeis fazer”. Temos que alimentar e cultivar essa união vital com Cristo, pois a nossa vida espiritual depende dessa comunicação. Com alegria ficamos agarrados a Ele, em plena dependência da sua plenitude!

Mas, o texto continua descrevendo aqueles que receberam esta salvação: “Direis naquele dia: Dai graças ao Senhor, invocai o seu nome, tornai manifestos os seus feitos entre os povos, relembrai que é excelso o seu nome”. Observamos os quatro verbos imperativos. 1º “Dai graças”. Temos que ter um motivo para dar graças com entendimento, por exemplo: “Converteste meu pranto em folguedos, tiraste o meu pano de saco e me cingiste de alegria, para que meu espírito te cante louvores e não se cale” (Sl. 30:11-12). 2º “Invocai o seu nome”. Clamar com urgência. Eis a promessa: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor (de acordo com os princípios bíblicos), será salvo” (Rm. 10:13). 3º “Tornai manifestos os seus feitos entre os povos”. Temos o dever de testemunhar dos feitos que o Senhor realizou a fim de nos dar a salvação: “O Filho de Deus me amou e a si mesmo se entregou por mim”, assim, nele “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Gl. 2:20; Ef. 1:7). Testemunhar é evangelizar. Devemos imitar os primeiros cristãos. “Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra” (At. 8:4). 4º “Relembrai que é excelso o seu nome”. O nome do Senhor deve ser  invocado com santo temor. “Eu, pela riqueza da tua misericórdia, entrarei na tua casa e me prostrarei diante do seu santo templo no teu temor” (Sl. 5:7). É uma determinação, semelhante ao que Josué disse: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js. 24:15). “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência” (Pv. 9:10).  

3. A Magnitude da Salvação, Vs. 5-6. “Cantai ao Senhor, porque fez coisas grandiosas”. Entre as obras grandiosas, temos a criação, que proclama a glória de Deus, (Sl. 19:1). Contudo, a obra maior é a redenção e a salvação de pecadores. As obras da criação foram realizadas por meio de uma ordem de poder, “pela palavra de Deus” (Hb. 11:3). Mas a redenção de pecadores foi realizada por um princípio bem mais envolvente. “Porque Deus amou ao mundo (cheio de pecadores) de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3:16). “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele” (1Jo. 4:9). “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós (como o nosso substituto), sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5:8). A redenção do pecador sempre envolve o pagamento de um preço. E qual foi o preço que Cristo pagou a fim de redimir o seu povo? O preço foi extraído dele, mediante o seu sofrimento e morte substitutiva. No Getsêmani, o seu sofrimento foi tão intenso “que o suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra” (Lc. 22:44).  Do Getsêmani, Ele foi conduzido ao Sinédrio e a Pôncio Pilatos, de quem  recebeu todo tipo de injustiça, açoites, zombarias e, finalmente, a crucificação entre dois criminosos. Esse foi o preço da nossa redenção. O Apóstolo nos faz lembrar: “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1Co. 6:20). “Saiba-se isto em toda a terra”. Somos testemunhas de Jesus Cristo, seus representantes aqui na terra, e o nosso assunto principal é Jesus Cristo e este crucificado, (1Co. 2:2).

Por sermos salvos mediante a fé em Jesus Cristo e na sua obra redentora, podemos praticar a exortação final: “Exulta e jubila, ó habitantes de Sião, porque grande é o Santo de Israel no meio de ti”. Ele é grande em seu amor para conosco e inescrutável em seus caminhos. E, apesar de ser tão grandioso, Ele nos entregou o seu Filho, para que nele fôssemos redimidos, perdoados e feitos seus herdeiros, (Rm. 8:17). Por essa razão podemos sentir uma exultação, com júbilo, e uma “alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da nossa fé: a salvação da nossa alma” (1Pe. 1:8-9).

Conclusão: Um dos assuntos mais preciosos que deve ocupar a nossa mente é a salvação que temos mediante a fé em Jesus Cristo. Isaías doze é um cântico de louvor pela salvação de seu povo.


Vimos a Maravilha da Salvação, uma dádiva inteiramente gratuita para os que crêem. Vimos a Matéria da Salvação. Resumidamente, Cristo é a plenitude dessa salvação. Tendo Cristo em nossa vida, temos a vida eterna. Vimos a Magnitude da Salvação. Jesus Cristo, “aquele que não conheceu o pecado, Deus o Pai o fez pecado por nós, para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co. 5:21). Cristo, como o nosso substituto, carregou o nosso pecado e foi maltratado, como se fosse Ele o próprio pecador, sofrendo e morrendo em nosso lugar, para que nós pudéssemos exultar e jubilar, sabendo que, em Cristo Jesus, temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da  sua graça. Agora, a única coisa que Deus requer de nós para sermos salvos é fé em Jesus Cristo e em tudo o que Ele fez por nós. Que seja assim!

A VIDA CRISTÃ


Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: Hebreus 12:1-3

Introdução: Vamos contemplar, por um momento, o sentido da vida cristã: Temos uma carreira para completar; mas, não estamos sozinhos, temos uma grande nuvem de testemunhas que assumiram a mesma carreira e a completaram vitoriosamente. E, se perguntarmos: Como elas conseguiram vencer todos os obstáculos? Respondemos: Elas contemplaram o galardão, olhando firmemente para o Autor e Consumador da sua fé, Jesus Cristo.

E, se perguntarmos: O que é necessário para entrar nessa carreira? O texto lido responde: Temos que nos desembaraçar “de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia”. É impossível viver a vida cristã carregando pesos e pecados. Temos que ficar inteiramente livres deles, a fim de completar vitoriosamente a carreira cristã. Mas, quais são esses pesos e pecados? Os pesos são os hábitos desnecessários que ocupam o nosso tempo, que poderia ser utilizado para o nosso crescimento espiritual. Embora esses pesos não sejam pecados explícitos, eles podem tornar-se pecados quando provocam omissões em nossos deveres espirituais. Temos que amar a Deus com a totalidade do nosso ser, porém, quando deixamos os prazeres desta vida inibir a nossa devoção a Deus, estamos pecando contra Ele. Esses são os pecados que tenazmente nos assediam. A dificuldade para dar “a Deus o que é de Deus” (Mt. 22:21). A prioridade que temos de dar a Deus é uma das disciplinas mais exigentes na vida cristã. “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si, para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer” (Gl. 5:17). O cristão tem de lembrar, constantemente: “Não vos enganeis, as más conversações corrompem os bons costumes” (1Co. 15:33). Temos que ser cuidadosos com a fonte das nossas informações.

Com essa parte introdutória, reconhecemos a impossibilidade de entrar na carreira, que é a vida cristã, carregando pesos e pecados. Esses impedimentos têm que ser abandonados a fim de deixar-nos livres para “servirmos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor” (Hb. 12:28). Vamos ao texto da nossa leitura.

1. O Desafio do Cristão.  “Corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta”. Essa carreira é a vida cristã, em toda a sua abrangência. Começamos a correr a partir do momento em que somos regenerados e cremos em Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador; e terminamos somente na hora da nossa morte física. Reconhecemos que a natureza dessa carreira é bem específica, porque o seu percurso é estabelecido pelo próprio Deus. Portanto, a primeira característica dessa vida é submissão à soberana vontade de Deus. A palavra “submissão” é composta de duas partes: “sub”, isto é, sob ou debaixo de alguém; e “missão”, ou seja, a prática da nossa vocação. O Ap. Pedro nos desafia: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que Ele, em tempo oportuno, vos exalte” (1Pe. 5:6). E, outra vez: “Servos, sede submissos, com todo o temor ao vosso senhor, não somente se for bom e cordato, mas também ao perverso; porque isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente por motivo de sua consciência para com Deus” (1Pe. 2:18-19). Em outras palavras, vivemos a vida cristã sob a direção do Espírito Santo. “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm. 8:14). Quando estamos sendo guiados, entende-se que somos submissos ao nosso Guia. Devemos lembrar do título que Deus nos deu: “Somos filhos da obediência” (1Pe. 1:14).

Essa carreira deve ser corrida com “paciência e perseverança”. A vida cristã é sempre composta de circunstâncias agradáveis, bem como desagradáveis. As negativas têm a tendência de tentar deixar-nos desanimados. Mas, é justamente nessas circunstâncias que temos que usar "paciência e perseverança”. Não podemos deixar as dificuldades impedirem a nossa corrida. É importante lembrar que circunstâncias negativas nunca acontecem por acaso; tudo está sob a poderosa direção do Deus que ama o seu povo redimido. Nesse contexto, Cristo  disse: “Não se vendem cinco pardais por dois asses? Entretanto, nenhum deles está em esquecimento diante de Deus. Até os cabelos da nossa cabeça estão todos contados. Não temais! Bem mais valeis do que muitos pardais”  (Lc. 12:6-7). Quando nós conseguimos acreditar que tudo  o que acontece vem da direção e cuidado de Deus,  teremos forças para correr com paciência em nossa vida, para o nosso bem espiritual, para que tenhamos o fruto da justiça. “Por isso, restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos; e fazei caminhos retos  para os pés, para que não se extravie o que é manco; antes, seja curado” (Hb. 12:11-13). E a palavra de exortação, que se aplica a cada um de nós: “Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para  que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa” (Hb. 10:36).

2. O Desafogo do Cristão. “Temos a rodear-nos tão  grande nuvem de testemunhas”. O que nos consola  é que nós não somos os primeiros a entrar nessa carreira, pois existe uma grande nuvem de testemunhas que experimentaram as mesmas dificuldades que nós estamos enfrentando e, apesar disso, completaram a carreira vitoriosamente, confessando: “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou”, o  nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, (Rm. 8:37). Mas, o maior exemplo para nós é o próprio Jesus! Por isso, o Apóstolo disse: “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim, andai nele, nele radicados e  edificados e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças” (Cl. 2:6). Ele  é o precursor, que assumiu a mesma carreira que nós recebemos, juntamente com todas as circunstâncias que caracterizam esse caminho.

Quais são algumas das dificuldades que Cristo teve que suportar? “Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo”. Isto é: medite, cuidadosamente, no que Cristo experimentou, lembrando de quem Ele é; o próprio Filho de Deus, aquele que é digno de receber a mesma honra que damos ao Pai, (Jo. 5:23). Contudo, “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso” (Is. 53:3). É quase insuportável ser desprezado e rejeitado. Cristo “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo.1:11). Mas, por que estamos falando dessa maneira? “Para que não vos fatigueis, desmaiando em vossas almas”. O que Cristo suportou, como homem, semelhante a nós, foi muito maior do que nós teremos que suportar. A comparação é sempre útil, a fim de nos fortalecer em nossas tribulações.

Por que Jesus suportou tamanha contradição? Ele estava chegando ao ápice de sua caminhada. “Jesus, o qual em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra de Deus”. Como Cristo andou, andemos nós também. Ele é o nosso exemplo. Nesse contexto, o Ap. Paulo escreveu: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus, e co-herdeiros com Cristo; se com Ele sofremos, também com Ele seremos glorificados” (Rm. 8:17). Há uma semelhança entre o que Cristo experimentou e o que nós teremos que suportar na pista de corrida, que é a vida cristã. Assim como Cristo foi glorificado, nós também seremos glorificados.

Mas, qual é a diferença entre os sofrimentos de Cristo e os nossos? Ele estava sofrendo vicariamente por causa das nossas transgressões, dando satisfação a Deus por causa das nossas iniquidades. O nosso sofrimento, por outro lado, é parte do preço que pagamos  por sermos fiéis a Jesus Cristo. Ferir a justiça de Deus é um crime seríssimo e não pode passar como se fosse nada. O preço dessa transgressão é além de qualquer possibilidade humana. Somente o sofrimento e a morte de Cristo poderiam expiar  os nossos pecados e apaziguar a ira de Deus. Graças a Deus por Cristo Jesus, porque, agora, “nele temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7).

3. O Desapego do Cristão. Agora, qual é o nosso dever? “Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus Cristo”. Mas não é tão fácil manter os olhos fixos em nosso Salvador. A experiência de Pedro nos ensina do perigo de desviar os olhos de Cristo. No momento em que ele tirou os olhos daquele que o convidou, ele começou a “submergir”. Mas, por que ele tirou os olhos de seu Mestre? Ele “reparou na força do vento, e teve medo” (Mt. 14:22-33). Com os olhos fixos em Jesus, não teve medo de sair do barco e andar por sobre as águas. Mas, com os olhos desviados, teve medo e começou a se perder. No caminho para o céu existem muitas distrações cujo objetivo principal é desviar os nossos olhos de Cristo e colocar-nos no perigo de perdição. Quais são algumas dessas seduções  tão cativantes?

Em vez de manter os olhos firmemente fixos em Jesus Cristo, há uma tendência para olhar e cuidar dos nossos próprios interesses. Cristo falou da “fascinação das riquezas”, a ambição de ganhar muito dinheiro; esquecendo que “o amor ao dinheiro é raiz de muitos males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1Tm. 6:10). Por que Ananias e Safira mentiram sobre a quantia de seu dinheiro? A “fascinação” cegou-lhes a consciência. O dinheiro que eles reservaram para si era mais importante que a verdade, (At. 5:1-11). Por que o jovem retirou-se triste da presença de Jesus? A “fascinação” das suas muitas propriedades cegou-lhe quanto às prioridades. Cuidar dos bens deste mundo era mais importante que vender tudo e seguir a Jesus. Os bens deste mundo, para ele, eram mais palpáveis do que “um tesouro no céu” (Mc. 10:17-22). Temos que desapegar-nos do amor ao dinheiro. Por que “um rico dificilmente entrará no reino dos céus”? (Mt. 19:23). Porque “ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt. 6:24). Deus não pode aceitar um coração dividido. A ordem é esta: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Mc. 12:30). É impossível olhar para Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, contemplar, com amor, os bens deste mundo. Não esqueça da confusão e tristeza do jovem rico.

Outro mal é olhar para o seu próximo com a intenção de julgá-lo precipitadamente, “pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados” (Mt. 7:1-2). “O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm. 13:10). Não podemos olhar para Cristo com aquela devoção sincera no coração e, ao mesmo tempo, olhar para o próximo com más intenções. Cristo disse: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (Jo. 13:34). O mandamento é novo no sentido de que, agora, temos um exemplo para seguir. Amamos como Cristo nos amou. E, para amar, tanto a Deus como ao próximo, temos que nos desapegar de todo e qualquer impedimento, para  que estejamos livres para praticar a vontade de Deus, olhando firmemente para Jesus, o Autor e Consumador da nossa fé. Com a prática desse amor, teremos a certeza de que somos nascidos de novo,  (1Jo. 4:7). Mencionamos dois males que impedem a nossa vitória na vida cristã: a fascinação das riquezas e a tendência de julgar o nosso próximo precipitadamente. Se não nos desapegarmos desses dois males, será impossível correr  “com perseverança, a carreira que nos está proposta”.

Conclusão: Temos tentado descrever certos aspectos da vida cristã, que é comparada a uma pista de corrida. Para chegar ao ponto final, vitoriosamente, temos que correr com perseverança e paciência, sem deixar outros interesses nos embaraçarem. O segredo é olhar firmemente para Jesus Cristo.


Vimos, em primeiro lugar, o desafio que cada cristão tem que aceitar. Temos que correr a vida cristã com perseverança e paciência. Sim, existem obstáculos, mas, olhando firmemente para Jesus Cristo, venceremos. Vimos, em segundo lugar, o  desafogo do cristão. O que nos consola é que não somos os únicos nessa corrida. Existe uma grande nuvem de testemunhas que terminaram  a carreira vitoriosamente, olhando firmemente para Jesus Cristo. Sim, Ele enfrentou tanto sofrimento por amor a nós e venceu  gloriosamente. Nós, de forma semelhante, venceremos, se mantermos os olhos fixos em Jesus Cristo. E, em terceiro lugar, vimos o desapego do cristão. Ele não pode correr vitoriosamente quando seus olhos estão desviados de Jesus Cristo. Temos que desapegar-nos da fascinação das riquezas, porque, se não, teremos que enfrentar os perigos que podem nos afastar da vida eterna. E, também, temos que nos desapegar de qualquer tendência que possa prejudicar o nosso próximo. Temos que amá-lo, como Cristo nos amou. Novamente, seremos vitoriosos na prática desses três princípios na medida que mantermos os nossos olhos fixos em Jesus Cristo, imitando o seu exemplo. A vida cristã é uma carreira, um estilo de vida que engrandece o Nome do nosso Deus. Que o Espírito Santo nos fortaleça para esse fim.