Vasos de Honra

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O DEUS DA REVELAÇÃO




Leitura Bíblica: Salmo 19: 1-14

Introdução:   Existem três livros que Deus tem dado a cada pessoa, para que elas tenham um conhecimento básico da sua existência e da sua vontade. O primeiro livro é visível à humanidade toda: A Expansão do Universo. “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”. A existência e a harmonia que reina entre as multidões desta vastidão revelam que  o seu Autor é um Ser de poder infinito, dotado com os atributos de soberania, sapiência e misericórdia. Por isso, o homem que nega a realidade de Deus está negando a visibilidade do que os seus olhos estão contemplando. Por isso, tal homem é indesculpável e merece a indignação e a reprovação eterna. Contudo, esse livro é insuficiente para as necessidades atuais do homem, porque não fala nada sobre o que Deus requer do pecador e nem como ele pode ser salvo da ira vindoura. Por causa dessa lacuna, Deus, em sua muita misericórdia, nos deu um segundo livro, as Escrituras Sagradas, revelando o que o homem  deve crer sobre Deus e o dever que Ele requer dos homens. Por isso, a nossa Igreja recebe e crê de coração que as Escrituras Sagradas – o Antigo e o Novo Testamento – são a Palavra de Deus, a  única regra de fé e prática. A importância  insubstituível desse livro está no fato de que, crendo na sua veracidade, tornamo-nos “sábios para a salvação pela fé em Jesus Cristo” (2Tm. 3:15). E ainda resta um terceiro livro, a nossa consciência. A lei escrita que Deus deu a seu povo não está nas mãos de todas as nações, por isso, quando Ele nos criou “à sua imagem, conforme a sua semelhança”, Ele gravou o resumo da lei sobre a natureza de cada pessoa que nasce neste mundo. O Apóstolo, descrevendo a importância desse livro, disse: “Estes (todos os homens), mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se, no dia em que Deus, por meio de Jesus Cristo, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho”, a mensagem que Deus lhe deu por revelação, (Rm. 2:14-15; Gl 1:11-12). A existência desses três livros é apresentada claramente no Salmo 19. Portanto, demonstremos reverência e temor diante da realidade dessas revelações. O Salmista confessou: “Arrepia-se-me a  carne com temor de ti, e temo os teus juízos”. (Sl. 119:120).

1. A Revelação na Expansão, Vs, 1-6. “Os céus proclamam a glória de Deus”.  Mas o que é essa glória? É a manifestação de sua natureza imensurável e de seu caráter incólume. Ele é um Deus cheio de atributos superlativos e gloriosamente atuantes. A primeira evidência dessa glória é a criação do mundo e de tudo o que nele há. O Ap. Paulo nos deu um parecer desse portento, dizendo: “O que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles (todos os homens), porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas criadas”. E veja a conclusão do Apóstolo: Por causa dessa revelação dada na criação, “tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo o conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato” (Rm. 1:19-21). A negligência dessa revelação, dada por Deus através da criação, conduz o homem à sua própria destruição.

O Salmista toma duas realidades no universo e, numa linguagem singularmente poética, descreve as maravilhas da sua finalidade. Primeira: a sucessão ininterrupta da comunicação entre o dia e a noite: “Um dia discursa o outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra, se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo”. Essa sucessão de dia após dia demonstra a glória do poder organizador de Deus. Tanto o dia como a noite têm o seu propósito inalterável, aquele de anunciar a existência e a glória sapiente de Deus. Pela luz do dia vemos a providência de Deus para os homens, e a noite para lhes oferecer descanso. A lua foi dada para marcar o tempo; o sol obedece à hora certa de seu ocaso. Os animais obedecem ao seu lugar na criação. Agora, é o momento do homem. Ele sai para o seu trabalho e para os seus encargos até à tarde. E, diante dessa atividade que reflete tão claramente a glória soberana de Deus, o Salmista exclama: “Que variedade, Senhor, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas” (Sl. 104: 19-24).

A segunda realidade é o sol. Na linguagem poética, o Senhor pôs uma tenda para o sol, um lugar no meio dos astros, a fim de lhe dar uma liberdade de movimento. “O qual como noivo que sai  dos seus aposentos, se regozija como herói, a percorrer o seu caminho. Principia numa extremidade dos céus e até a outra vai o seu percurso.” Como o noivo sai do seu aposento, vestido de uma ostentação chamativa, assim, o sol se levanta com um esplendor pomposo que prende a nossa respiração, tamanha é sua glória. E, se ficamos tão maravilhados com a majestade reinante do sol, qual será a nossa reação quando estivermos face a face com Cristo, “o sol nascente das alturas”? (Lc. 1:78). O salmista continua a sua descrição do efeito benéfico do sol: “E nada refoge (esconde) ao seu calor”. Toda a criação sente a presença salubre do sol, uma manifestação visível da glória de Deus. Com reverência e admiração, podemos perguntar: “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites?” (Sl. 8:3-4).  E, de fato, Deus nos visitou mediante o envio de seu próprio Filho, Jesus Cristo. “Ele é o resplendor da glória e a expressão exata de seu  Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb.1:3).

2. A Revelação nas Escrituras, Vs. 7-11. Das palavras  inaudíveis da expansão, passamos a ouvir as palavras audíveis do próprio Deus, dando-nos uma revelação verbal de si mesmo, mediante palavras compreensíveis. Essa revelação chama-se “a lei de Deus”, abrangendo todos os detalhes da sua vontade, ensinando o que o homem deve crer sobre Deus e o dever que Ele requer de cada pessoa. O Salmista emprega seis palavras para descrever a natureza dessa lei e o seu poder benéfico sobre a vida do homem.

(1)   “A lei do Senhor é perfeita”, e se refere aos ensinos que Deus tem nos dado. O nosso testemunho deve ser “Para mim vale mais a lei que procede da tua boca do que milhares de ouro ou de prata... pois na tua lei está o meu prazer” (Sl. 119:72,77). E qual o efeito da lei sobre a nossa vida? Ela converte e restaura a alma, conduzindo-a de volta para uma vida de paz com Deus, “De maneira que a lei nos serviu de aio (instrutor) para nos conduzir a Cristo”, “ no qual temos a redenção, pelo seu sangue,  a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua  graça” (Gl. 3:24; Ef. 1:7).
(2)   “O testemunho do Senhor é fiel”, e se refere à palavra dada; ela é a verdade. O Apóstolo confirmou esse pensamento, dizendo: “Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém, para glória de Deus, por nosso intermédio” (2Cr. 1:20). E qual o efeito desse testemunho? “Dá sabedoria aos símplices”. O Apóstolo comentou: “Expondo estas coisas (os testemunhos) aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido” (1Tm. 4:6).
(3)   Os preceitos do Senhor são retos”, e se referem aos regulamentos que direcionam o procedimento. O Apóstolo confessou: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos” (1Jo. 5:3). E qual o efeito? “Alegram o coração”. O Salmista disse: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo dia!” (Sl. 119:97).
(4)   “O mandamento do Senhor é puro”,  e se refere à norma que padroniza a vida moral e espiritual do homem. Nessa lei não há nenhuma injustiça. A missão dela é séria, porque “ninguém será justificado diante de Deus por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm. 3:20). O Apóstolo confessou: “Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás” (Rm. 7:7). A cobiça é a causa de todo tipo de crime que leva o homem  à destruição. Porém, quando reconhecida, confessada e abandonada, “Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo. 1:9). E qual o efeito do mandamento? Ele “ilumina os olhos”, para que possamos reconhecer o nosso estado espiritual diante do Deus santo.
(5)   “O temor do Senhor é límpido”, e se refere à reverência e adoração diante do Senhor. O temor ensina como devemos servir a Deus “de modo agradável, com reverência e santo temor” (Hb. 12:28). E qual o efeito? Essa atitude de temor é imutável, e “permanece para sempre”.
(6)   “Os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente justos”, e se referem às declarações da vontade de Deus. O que o Senhor determina para o seu povo é sempre o melhor para o seu bem total e jamais será confundido. O Apóstolo reconheceu essa verdade em termos da “boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm. 12:2). Eis a nossa oração: “Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; guie-me o teu bom Espírito por  terreno plano” (Sl. 143:10).

Agora, ainda falando sobre a revelação escrita, temos duas frases que descrevem o que o homem de Deus sente diante dessa iluminação. Ela é uma preciosidade, por isso, deseja conformar-se mais e mais às suas normas. “São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos.”  Mas essa lei penetra a consciência, admoestando e ensinado a reconhecer as recompensas que recebe, quando obedecida. “Além disso (a preciosidade dos preceitos do Senhor), por eles se admoesta o  teu servo; em os guardar, há grande recompensa”. E, agora, uma palavra para despertar a nossa crença: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que  se torna galardoador dos que o buscam” (Hb.11:6).

3. A Revelação na Experiência, Vs. 12:14. Quando contemplamos os céus, a lua e as estrelas, somos  inconscientemente levados a refletir sobre o seu  Autor. Concluímos que Ele deve ser um Indivíduo, um Deus, com poder e sabedoria indescritíveis. Contudo, Ele pode ser conhecido. A Bíblia afirma: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre os homens, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”, se não tomarem conhecimento dele, (Rm. 1:19-20). Mas Deus não se revelou somente no silêncio da Expansão, mas, também, com palavras que podemos ouvir e entender, palavras que revelam a sua vontade para todos os homens. Como? “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, falou pelo Filho” (HB. 1:1-2). Quando Jesus Cristo foi transfigurado, a voz do Pai anunciou: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mt. 17:5). Agora, em nossos dias, a voz de Cristo se percebe mediante o ouvir e a leitura atenciosa das Escrituras Sagradas. Ele mesmo disse: “Em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida eterna” (Jo. 5:24).

À medida que ouvimos e lemos a Palavra de Deus, sentimos a realidade da nossa imperfeição moral. Somos pecadores e condenados diante da lei de Deus. Por isso, o Salmista pergunta: “Quem há que possa discernir as próprias faltas?” Sentimos que a totalidade do nosso ser é contaminada pelo pecado. Tudo o que falamos e produzimos tem a marca da imperfeição, o que nos faz inaceitáveis diante do Deus perfeito em santidade. O profeta lamentou: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha e as nossas iniqüidades, como vento, nos arrebatam” (Is. 64:6). Mas a Bíblia nos oferece uma esperança: “Se confessarmos os nossos pecados (a Deus o Pai, em nome de Jesus Cristo) Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo. 1:9). Com essa expectativa, o salmista se fortaleceu, pedindo: “Absolve-me das (transgressões) que me são ocultas”. Não apenas das visíveis, mas, também, das invisíveis e secretas. Como é consolador sentir a misericórdia do nosso Deus: “Se observares, Senhor, iniqüidades, quem, Senhor, subsistirá? Contigo, porém, está o perdão, para que te temam” (Sl. 130:3-4). É igualmente consolador saber que o Senhor “não nos  trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniqüidades. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem” (Sl. 103:10-11).

Em seguida, o Salmista faz dois pedidos urgentes: “Também da soberba (aquela auto-suficiência) guarda o teu servo, que ela não me domine; então serei irrepreensível e ficarei livre da grande transgressão”, daquela tendência do homem pecador para confiar em suas próprias capacidades para se salvar, e, com isso, desprezar o que somente Deus pode fazer por meio da sua graça. E, continuando, consciente das suas próprias imperfeições, pede, de coração ansioso: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu”. As nossas palavras têm causado, muitas vezes, desgostos cortantes, por isso, o pedido do Salmista. O Apóstolo comentou: “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão capaz de refrear também todo o corpo” (Tg. 3:2). Nesse contexto, notemos como o Salmista se fortaleceu, citando dois preciosos atributos do Senhor: “Rocha minha”. Sobre essa Rocha, o Deus vivo e verdadeiro, depositamos todas as nossas esperanças espirituais. Confiamos na misericórdia do nosso Deus para suprir, em Cristo Jesus, cada uma das nossas necessidades, (Fp; 4:19). E ele continua: Ele é “Redentor meu”. Jesus Cristo é “aquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados” (Ap. 1:5). Convém entender a centralidade de Jesus Cristo na vida cristã. “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho (rejeitando os seus direitos sobre a nossa vida) não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo. 3:36) .

Conclusão: O Salmo 19 tem uma seqüência que começa com a revelação da natureza, ou seja, as obras da criação. Assim, descobrimos a existência de um Deus criador e vivo. Depois, somos introduzidos à revelação sobrenatural, ou seja, às Escrituras Sagradas, que nos ensinam tudo o que precisamos saber sobre Deus e o que Ele requer de nós. E, por fim, a revelação em nossa própria experiência, ou seja, o poder das Escrituras sobre a nossa consciência. Elas nos ensinam que somos pecadores e, por natureza, filhos da ira de Deus. Mas a Bíblia não nos deixa nesse estado de desespero, antes, ela nos conduz a Jesus Cristo, “ no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos nossos pecados, segundo a riqueza da sua graça”. Agora, temos um único dever inicial: crer, de coração, em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Que façamos assim.   

   

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