Vasos de Honra

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

COMO RESPEITAR AS AUTORIDADES



Leitura Bíblica: Romanos 13:1-7.

Introdução: Devemos lembrar que nos capítulos 12 e 13 de Romanos, o Apóstolo está descrevendo como o cristão deve proceder numa sociedade corrompida pelo pecado, pois os homens são egoístas, “mais amigos dos prazeres que amigos de Deus” (2Tm. 3:1-4). Primeiro, a nossa vida deve ser consagrada a Deus, que é o nosso culto racional; devemos respeitar os diversos dons que os membros da Igreja exercem; temos que aprender como amar uns aos outros; e, agora, como respeitar as autoridades civis.

Por que o Apóstolo incluiu a necessidade de obedecer às autoridades civis? No início da Igreja Cristã, muitos dos membros eram judeus. Mas, por que as autoridades romanas perseguiam tão ferozmente esse povo passivo e obediente? Porque a Igreja foi vista como mais uma seita do judaísmo. De modo geral, os judeus nunca se sujeitaram mansamente ao domínio romano, sendo os responsáveis por muitas insurreições políticas. E, para ter mais tranqüilidade, Cláudio, o imperador, “decretou que todos os judeus se retirassem de Roma” (At. 18:2). Nesse contexto, a Igreja, mediante o seu procedimento irrepreensível e submisso, tinha que provar que era diferente do judaísmo e demonstrar a sua obediência às autoridades civis. E, para enfatizar oficialmente, por meio de Cartas abertas, que essa disposição dos cristãos é ensinada repetidamente nas Igrejas, “Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra, não difamem a ninguém (dos que governam), não sejam altercadores, mas cordatos, dando provas de toda cortesia para com todos os homens” em autoridade (Tt. 3:12). Veja também Rm. 13:1-7, 1Tm2:1-3, 1Pe. 2:13-17. Agora, estamos prontos para saber sobre os detalhes da nossa obediência cívica.

1. A Instituição de Autoridades, Vs.1-2. Se nós amamos a Deus, amaremos e respeitaremos as suas instituições, tendo prazer em sujeitar-nos à prática da sua vontade. A instituição de governo é uma das “ordenações de Deus”, por isso, a exortação: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores”. Deus, em sua sabedoria, é o Autor do princípio de governo. “Porque não há autoridade que não proceda de Deus”. Embora a forma de governo não seja definida na Escritura, o princípio de boa ordem tem que existir. A Escritura continua na definição, acrescentando: “E as autoridades (pessoas) que existem foram por ele instituídas”. Embora tenhamos eleições livres, cada cidadão escolhendo o seu próprio candidato, Deus é soberano, permitindo que os eleitos ocupem o seu cargo. Mas quando o eleito não teme a Deus, qual deve ser a nossa atitude? Devemos crer na soberania de Deus. Ele está cumprindo os seus próprios propósitos. Deus suscitou os caldeus, “nação amarga e impetuosa ... pavorosos e terríveis ... para fazer violência”, para “executar juízo” contra o seu povo rebelde e traidor (Hc. 1:5-17). Contudo, o nosso dever é sempre o mesmo: “todo homem esteja sujeito às autoridades superiores”.

O princípio da obediência é tão sério, que o texto diz: “De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste a ordenação de Deus”. É Deus que exige a nossa obediência e, se resistirmos, Ele usará as próprias autoridades para nos condenar e castigar. “E os que resistem trarão sobre si mesmo condenação”. A Confissão de Fé da nossa Igreja nos ensina: “Deus, o Senhor Supremo e Rei de todo mundo, para sua própria glória e para o bem público, constituiu sobre o povo magistrados civis, a Ele sujeitos, e para este fim os armou com o poder da espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores” (Cap.23:1). É importante ouvir o que a Bíblia afirma: “Por meu intermédio (diz o Senhor), reinam os reis, e os príncipes decretam justiça. Por meu intermédio governam os príncipes, os nobres e todos os juizes da terra” (Pv. 8:15-16).

2. A Intervenção de Autoridades, Vs. 3-5 ou, a responsabilidade dos nossos superiores. Quais são essas responsabilidades? Além de administrar os interesses do Estado, elas devem “especialmente manter a piedade, a justiça e a paz, segundo as leis salutares de cada Estado”  (Con. de Fé 23:2).  Infelizmente esses deveres nem sempre têm sido prioridades nos interesses dos políticos. Mas, apesar do que podemos observar, Deus ainda está no seu santo  trono, reinando soberanamente e, reconhecendo essa verdade, podemos descansar, sem ficar indevidamente  preocupados com o que está acontecendo nos lugares de poder.  Embora existam irregularidades, o nosso dever cívico não mudou. O nosso primeiro dever é sempre o mesmo: sujeitar-nos às autoridades superiores, como ao Senhor Deus, orando por elas e entregando  tudo àquele que julga retamente. Apesar de  tudo o que temos enfatizado, essa sujeição não pode ser irracionalmente obrigatória. Se as autoridades decretarem qualquer determinação que fere frontalmente uma lei específica que Deus prescreveu, devemos ser decididos, declarando, sem medo das conseqüências, que o nosso primeiro dever é obediência às leis de Deus. Quando as autoridades ordenaram a Pedro e João “que absolutamente não falassem, nem ensinassem em nome de Jesus”, eles ousadamente responderam: “Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus” (At. 4:18-19).

Agora, vamos pensar em termos positivos sobre a intervenção das autoridades. Como devemos nos sentir diante delas? “Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás o louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para o teu bem”. Não podemos negar a presença de Deus nas atividades políticas. Novamente, sentimos algumas dificuldades, contudo, nem sempre entendemos o modo de Deus agir, mas confiamos na sua soberania. Ele está reinando! Todavia, uma verdade incontestável  deve nos tranqüilizar: os políticos são homens, iguais a qualquer outro ser humano. Deus é justo  juiz, “que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento” (Rm. 2:6). E, no juízo final, veremos apensas dois destinos: “E irão estes (os injustos) para o castigo eterno, porém o justo para a vida eterna” (Mt. 25:46).

Voltando para o nosso texto e o problema de desobediência: “Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela (a autoridade) traz a espada (a autoridade para castigar os transgressores da lei; um poder delegado por Deus); pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal”. Então, qual deve ser a nossa atitude? “É necessário que  lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas, também, por dever de consciência”,  uma consciência limpa diante de Deus. E o Ap. Pedro acrescentou: “Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso, antes, glorifique a Deus com esse nome” (1Pe. 4:15-16).

3. A Indenização de Autoridade, Vs. 6-7. Ter superiores é um privilégio, uma dádiva dada por Deus. Alguém comentou: um governo negligente é melhor do que nenhuma forma de  organização. Mas, para ter esse privilégio, os cidadãos têm que assumir a manutenção do governo. “Por esse motivo, também pagais tributos, porque são  ministros de Deus, atendendo, constantemente, a esse  serviço”. A norma bíblica é: “o trabalhador é digno do seu salário” (1Tm. 5:18). Se o magistrado tem que executar o ministério que Deus lhe deu, ele deve receber os meios materiais a fim de realizar os seus projetos. Por isso, o pagamento de tributos não é uma injustiça e nem uma imposição tirânica, antes, é uma participação necessária para o bem de todos. Calvino fez uma observação muito relevante para os nossos dias: “Os magistrados devem lembrar que todo o tributo que  recebem é propriedade do povo, e não uma oportunidade para satisfazer a cobiça e luxúria  particular”. E qual é a lembrança que deve nos motivar a pagar o devido tributo? “Porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço”.

O Apóstolo encerra o assunto com algumas normas que devem ser praticadas por cada cidadão: “Pagai a todos o que lhes é devido”. Essa palavra não se refere a todos os homens sem distinção, antes, segundo o contexto, ela se refere às autoridades. Incluindo neste pagamento: “a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra”. Esse é um resumo das nossas obrigações diante das autoridades civis. Tributo e imposto são termos conhecidos, mas a palavra “respeito”  refere-se especificamente às autoridades e ao poder que  elas têm para castigar o transgressor das leis cívicas. “Honra” também se refere às autoridades do Estado, porque “são ministros de Deus”, cuidando dos interesses públicos.

Conclusão: Segundo as Escrituras, que são a nossa única regra de fé e prática, o governo civil é uma instituição divina, quer dizer, é ordenação de Deus que ele exista, portanto, deve ser respeitado e obedecido. Embora o governo seja de Deus, a sua forma de existência, seja democracia ou qualquer outra, é dos homens. Deus não legislou uma forma específica. Ele estabeleceu apenas princípios que devem ser incorporados ao sistema, os quais devem ser obedecidos por todos, tanto pelos magistrados quanto pelo povo leigo.

Nós temos falado sobre a Instituição de Autoridades. Cremos que Deus é o Autor deste princípio de  organização civil e, por isso, deve ser respeitado, recebendo a nossa cooperação em termos de obediência. Temos falado sobre a Intervenção de Autoridade. Deus lhes deu o poder da espada, isto é, elas têm a obrigação para intervir no caso de transgressão e castigar o culpado. E temos falado sobre a Indenização de Autoridade. Por serem os ministros de Deus para cuidar dos interesses do povo, elas têm que receber os recursos  materiais para realizar esse cuidado. Estes são arrecadados mediante o pagamento de tributos  e impostos. Portanto, como cidadãos conscientes  das necessidades do governo, cooperamos mediante o fiel cumprimento dos nossos deveres cívicos. A palavra final é esta: “Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei” (1Pe. 2:17).



quinta-feira, 10 de novembro de 2016

A ESPERANÇA NATALINA


Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: Lucas 1:76-79

Introdução: Podemos conhecer a história da vinda e do nascimento de João Batista pela leitura de Lucas 1:8-25, 57-66. Agora, na leitura que acabamos de fazer, vemos Zacarias encurvado, contemplando seu recém-nascido filho, João Batista; e, de repente,  ele exclama, com uma voz cheia de louvor e gratidão: “Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor (Jesus Cristo), preparando-lhe os caminhos” (V.76). Esse ministério preparativo de João Batista abordaria três assuntos principais: a) Anunciar que o prometido Messias, Jesus Cristo, estava à porta,  pronto para dar início a seu ministério redentor; b) Despertar a consciência do povo quanto ao seu estado pecaminoso e à necessidade de um arrependimento que produz o abandono do pecado; c) Dar conhecimento da salvação e da acessibilidade dela mediante uma fé verdadeira na obra redentora de Jesus Cristo. Agora, estamos prontos para ouvir a respeito da Esperança Natalina.

1. A Prontidão de Jesus Cristo. “Vindo, porém, a plenitude do tempo (quando todos os preparativos estavam no devido lugar), Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5). Devemos lembrar que ao dar o seu Filho unigênito, Deus estava demonstrando a sua “entranhável misericórdia” para conosco, pecadores; uma misericórdia que emanava das profundezas de seu interior.

Devemos meditar sobre a prontidão de Jesus Cristo “para dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10:45). É mui comovente sentir, de uma maneira pessoal, que Cristo “ me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl. 2:20). E ouvir o testemunho do próprio Cristo: “ Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas ... Ninguém a tira de mim, pelo contrário, eu espontaneamente a dou” (Jo. 10:11,18). Cristo afirmou: “ Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor de seus amigos. Vós sois os meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (Jo. 15:13-14).

Devemos também pensar sobre o preço que Cristo pagou a fim de realizar a nossa redenção, libertação da pena da morte que pairava sobre cada um de nós, os pecadores. O Apóstolo usou estas palavras tocantes: “Pois Ele (Jesus Cristo), subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou assumindo a forma de servo, tornando-se  em semelhança de homens, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fp. 2:6-8). E, se perguntarmos: por que a cruz? Respondemos: Esta foi a única maneira para resolver o problema do pecado. “Aquele que não conheceu o pecado, ele (Deus o Pai) o fez pecado por nós; para que nele (Cristo Jesus), fôssemos feitos justiça de Deus” – feitos aceitáveis diante do Pai (2Co. 5:21). Em virtude da morte substitutiva de Cristo, podemos confessar: “Nele, temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). Agora à luz dessas verdades, qual é o nosso dever? “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1Co. 6:20).

2. A Proposta de Jesus Cristo. . Cristo revela a realidade da sua obra redentora, iluminando o entendimento dos que “jazem nas trevas da sombra da morte” (V.79ª). A pessoa que jaz nas trevas está numa situação de desesperança e de perdição, tem olhos para ver, mas não enxerga e nem entende os valores espirituais. Essa é a situação do pecador que não tem Cristo direcionando a sua vida. E, sem a intervenção soberana da parte de Deus, todos nós permaneceríamos nas trevas da perdição. Mas Cristo veio para nos dar esperança, dizendo: “Eu sou a Luz do mundo; quem me segue não  andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (Jo. 8:12). Cristo é o dom de Deus para pecadores. Quando Jesus veio à terra de Zebulom, terra de Naftali, “o povo que jazia em trevas viu  grande luz; e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz” (Mt. 4:15-16).

Porém, na realidade, qual é a atitude do pecador diante da pessoa de Jesus Cristo, a luz do mundo? “O julgamento é este: que a luz (Jesus Cristo) veio  ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más”(Jo. 3:19). Contudo, ouça a palavra de Cristo: “Em verdade em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna” (Jo. 6:47).
Eis a proposta de Cristo: se alguém se aproxima de Jesus Cristo, crendo em sua obra redentora, será recebido por Deus. “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo” (2Ts. 2:13-14). Graças a Deus por sua “entranhável misericórdia”. “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl. 1:13).  

3. A Proteção de Jesus Cristo. Cristo nos protege, dirigindo “os nossos pés pelo caminho da paz” (V.79b). Mas como é que ele dirige a nossa vida? A resposta é: “Pelo Espírito Santo que nos foi outorgado” (Rm. 5:5). Ou, como o Apóstolo perguntou: “Não sabeis que sois santuários de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Co. 3:16). E Cristo prometeu: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido” (Jo. 16:13). Agora, a ordem é esta: “Digo, porém, andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne  ... Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl. 5:16,25). E, para fortalecer a nossa confiança,  está escrito: “Pois todos que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm. 8:14). Dessa maneira, Cristo dirige os  nossos pés pelo caminho da paz.

Sabendo que o Espírito Santo é o dom que Deus nos dá, perguntamos: Quando é que recebemos o Espírito Santo em nossa vida? Eis a resposta da Bíblia: “Depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da vossa herança até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef. 1:13-14). A habitação do Espírito Santo em nossa vida é a prova e a garantia da nossa salvação. “E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o Espírito (que habita em nós) é vida por causa da justiça”- uma justiça adquirida por nós mediante a morte substitutiva de Jesus Cristo, (Rm. 8:9-10). Cristo veio para dirigir os nossos pés pelo caminho da paz. Por essa razão, veio “uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lc. 2:13-14).


Conclusão: O que é Esperança Natalina? Ela está na história de como Deus “nos suscitou plena e poderosa salvação”, mediante o envio de seu Filho unigênito. A esperança dessa salvação nasce quando cremos que Cristo veio a este mundo, de acordo com a promessa profética, para  buscar e salvar pecadores tais como cada um de nós. Como Ele mesmo testificou: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo. 10:10). Ele veio como a luz do mundo, a fim de iluminar os nossos olhos espirituais, para que pudéssemos conhecer o plano da salvação. Ele veio para dirigir os nossos pés para a fonte desta salvação, para que crendo, pudéssemos experimentar paz com Deus. Eis a promessa para aqueles que crêem, de coração, em Cristo Jesus como o seu Senhor e Salvador: serão salvos; e o resultado será: “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor para todo sempre” (Sl. 23:6). Tenha um Feliz Natal, com Cristo dirigindo a sua vida, a esperança da glória, (Cl. 1:27).

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

COMO AMAR O NOSSO PRÓXIMO




Leitura Bíblica: Romanos 12:9-21.

Introdução: Temos falado sobre a necessidade de respeitar os dons que outras pessoas têm. Agora, como cristãos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros. Reconhecemos as diferenças entre os membros da Igreja, contudo, devemos respeitar essa diversidade sem sentir ciúmes, visto que alguns têm maior destaque do que outros. Cada membro tem a sua própria dignidade. Mas, para praticar esse respeito, temos que amar uns aos outros. Portanto, o título dessa mensagem: Como amar o nosso próximo? O amor que devemos a Deus será abordado em cap. 13:8:10.

Primeiro, temos que tentar definir, de uma maneira prática, a natureza do amor que devemos ao nosso próximo. Reconhecemos que existem duas manifestações do amor: um comum, que engloba todas as pessoas, sem considerar o seu estado social ou espiritual. “O amor não pratica o mal contra o seu próximo”, ou qualquer outra pessoa, (Rm. 13:10). Por outro lado, existe um amor particular, que derramamos sobre a nossa família, os irmãos em Cristo, e não necessariamente, sobre os descrentes. Em dadas circunstâncias, é o irmão em Cristo que recebe a  preferência. “Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl.6:10). O segredo é: “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros” (1Pe. 4:8). O próprio Deus pratica essas duas manifestações de amor: um amor comum, pelo qual todos recebem da sua bondade, “Contudo (Deus) não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e alegria” (At. 14:17; Mt. 5:45); mas, também, um amor particular, reservado exclusivamente para o seu povo escolhido. Por isso, de necessidade, alguns são colocados à parte. Basta mencionar a salvação. Nem todos recebem a vida eterna, somente aqueles que crêem em Jesus Cristo (Jo. 3:16). Cristo não foi dado para morrer substitutivamente no lugar de cada indíviduo, antes, foi dado para salvar o seu povo, os eleitos; os demais são excluídos por causa de suas transgressões. José foi instruído quanto ao nome da criança que iria nascer: “Ela (Maria) dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt. 1:21). Notemos a especificação da missão de Cristo: “salvará o seu povo”, aqueles que o Pai lhe deu. “Todo aquele que o Pai me dá (e somente estes), esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo. 6:37). O amor particular de Deus é a base da nossa esperança espiritual. Como é consolador entender que “Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante o nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós” (1Ts. 5:9-10).

No estudo de como amar o nosso próximo não discernimos uma seqüência específica de prioridades, nem uma distinção absoluta entre o amor comum e o amor particular. O Apóstolo se limita a nos dar princípios básicos de como devemos amar o nosso próximo. Para facilitar a compreensão das diversas partes, oferecemos algumas sugestões como chave do assunto.  

1. O nosso amor se direciona objetivamente com  atitudes estabelecidas, Vs. 9-10. a) “O amor seja sem hipocrisia”. A hipocrisia é um dos pecados mais odiosos. Não existe nenhuma outra perversidade tão danosa contra a integridade quanto a hipocrisia, porque ela contradiz a verdade. Podemos sentir o veneno desse mal quando Jesus perguntou para Judas Iscariotes: “Judas, com um beijo trais o Filho do homem?” (Lc. 22:48). O que agrada a Deus  é uma “fé sem fingimento” (2Tm. 2:15). O amor é a plenitude da virtude, mas a hipocrisia é o epítome da maldade. b) “Detestai o mal, apegando-vos ao bem”. O nosso amor a Cristo deve nos constranger em momentos de tentação. Em vez de ficar apegado ao mal, fiquemos apegados ao bem. “Vós que amais o Senhor, detestai o mal; ele guarda a alma dos seus santos, livra-os da mão dos ímpios” (Sl. 9:10). c) “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal”. Esse é o amor que devemos praticar dentro da Igreja. Como podemos definir esse “amor fraternal”? Oferecemos o exemplo de Cristo: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (1Jo.3:16). “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor de seus amigos” (Jo. 15:13). d) “Preferindo-vos  em honra, uns aos outros”. Os fariseus se esforçavam para sempre ocupar os primeiros lugares, (Mt. 23:6-7). O amor não sente nenhuma necessidade de receber honras ou destaques especiais entre os homens, pois a honra que Cristo nos dá o satisfaz plenamente. A advertência de Cristo deve ser lembrada: “Quem a si mesmo se exalta será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mt. 23:12).  

2. O nosso amor age zelosamente, evitando omissões, Vs. 11-14. a) “No zelo, não sejais remissos”. Qual foi a atitude de Jesus Cristo diante do trabalho do Senhor?  Zelo, dedicação, diligência; a preguiça foi desconhecida. Ele mesmo confessou a seu Pai: “O zelo da tua casa me consumirá” (Jo. 2:11). E o Ap. Paulo confessou: “Mas pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1Co. 15:10). b) “Sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor”. Não deixemos o desânimo tomar conta de nós quando o trabalho está se tornando difícil. Timóteo recebeu esta exortação: “Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom que há em  ti pela imposição das minhas mãos” (2Tm. 1:6). E, para nos encorajar, está escrito: “E não cansemos de fazer o bem porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gl. 1:6-9). c) “Regozijai-vos na esperança”. A esperança da salvação eterna é  o motivo da nossa alegria; de um dia “sermos semelhantes a Cristo, porque haveremos de vê-lo como ele é” (1Jo. 3:2). d) “Sede pacientes na tribulação”. Os cristãos foram exortados “ a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At. 14:22). Cristo nos advertiu: “Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros” (Jo. 15:20). e) “Na oração, perseverantes”. Sem a oração, não teremos alegria em nossa salvação, nem paciência na tribulação. Pela oração, ficamos fortalecidos na fé, (Cl. 1:9-12). f) “Compartilhai as necessidades dos santos”. Com essa virtude, demonstramos que amamos a Deus. O Ap. João escreveu: “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, mas de fato e de verdade” (1Jo. 3:17-18). g) “Praticai a hospitalidade”. Talvez, em nossos dias, essa palavra não tenha a mesma necessidade como nos tempos bíblicos, contudo, podemos ainda praticar o espírito dessa exortação. A nossa casa pode ser um lugar para cultos, quando queremos evangelizar os nossos vizinhos. Quando lemos sobre o início de uma nova Igreja, quantas vezes a história é como este relato: O primeiro culto se realizou na casa do irmão tal. A nossa casa pode ser um refúgio onde o cristão cansado pode chegar a fim de receber uma palavra de encorajamento espiritual. Veja a atitude de Áquila em At. 18:24-26. Com portas abertas, podemos receber oportunidades para evangelizar passantes. h) “Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis”. O Ap. Paulo era um perseguidor feroz dos cristãos. Mas qual foi a atitude da igreja? Cremos que eles oravam  incessantemente por sua conversão, e Deus respondeu as suas súplicas, (At. 4:23-31). Assim, Ananias recebeu esta ordem: “Vai (a Saulo), porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (At. 9:15). Deus não pode responder a oração que está pedindo que os perseguidores sejam amaldiçoados, porém, ouve a oração que pede a benção para essas pessoas infelizes.    

3. O nosso amor pratica a empatia com os demais irmãos em Cristo, Vs. 15:16. a) “Alegrai-vos com  os que se alegram e chorai com os que choram”. Eis a empatia: aquela habilidade de sentir o que o irmão está sentindo. Pensamos na alegria dos  pais cujo filho rebelde se converteu e agora está vivendo uma vida piedosa. Por que tanta alegria? “Era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque este teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado” (Lc. 15:32). Ou pensamos na tristeza dos pais piedosos cujo filho abandonou a igreja a fim de viver uma vida dissoluta. Quantas lágrimas são derramadas por causa dessa decepção! Seja qual for o caso, a empatia traz consolo às famílias. b) “Tendo o  mesmo sentimento uns para com os outros”. Empatia é ter harmonia no viver da vida cristã. c) “Em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde”. Na igreja, somos um só em Cristo, por isso, evitamos atitudes de superioridade. d)”Não sejais sábios aos vossos próprios olhos”. Foi  o problema principal da igreja de  Laudicéia, pois dizia: “Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma” (Ap. 3:17). Auto-suficiência  é uma presunção que leva muitos para a perdição eterna.

4. O nosso amor age passivamente em circunstâncias provocadoras, Vs. 17-18. a) “Não torneis a ninguém mal por mal”. Em vez de pagar com a mesma moeda: “Esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens”. Cristo disse: “Assim brilhe também a vossa luz (a realidade da nossa vida cristã) para que vejam as vossas boas obras (o fruto transformador de Cristo em nós) e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt. 5:16). b) “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens”. Existem circunstâncias nas quais é impossível viver em concordância de opiniões. Nessas provocações, é melhor mantermos o silêncio, mas, sem negar a verdade. É melhor encerrar o assunto passivamente em vez de prolongá-lo, alimentando mais desgostos. “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo” (Tg. 3:2). “Do muito falar (nascem) palavras néscias” (Ec. 5:3).

5. O nosso amor se manifesta quando conseguimos entregar todos os ultrajes que recebemos àquele que julga retamente, Vs. 19-21. No primeiro versículo deste capítulo, o Apóstolo destacou as misericórdias de Deus, ou seja, a natureza de seu interesse para com o seu povo. Aqui, no V.19, é o Apóstolo que abre o seu coração diante dos membros da Igreja, chamando-os de “amados”, a fim de incutir a seriedade do seu apelo: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira (de Deus); porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor”. a) A vingança é uma prerrogativa exclusiva de Deus; e, se alguém praticar  a sua própria vingança, está pecando, porque está fazendo o que Deus proíbe. Guardar e cumprir as ordens de Deus são disposições sábias e gratificantes, (Dt. 4:6). b) A passividade diante das injúrias é um ato de fé, porque cremos que Deus é o Vingador por excelência; Ele fará bem melhor do que nós. c) “Pelo contrário, (em vez de tentar se vingar), se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber, porque fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça”. Esse princípio é uma exposição prática do V.14. “Abençoai os que vos perseguem,  abençoai e não amaldiçoeis”.  Qual será o resultado desse ato  de altruísmo? “Amontoarás brasas vivas sobre a cabeça” do seu adversário. Embora não aconteça sempre, sabemos que uma resposta desprendida pode mexer com a consciência do antagonista e resultar numa reconciliação que exalta o poder de Deus – Deus abençoando o ato  de seu servo. d) “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”.  O pensamento é: Não deixes o mal sacudir a sua confiança nas promessas de Deus, praticando uma vingança particular, antes, vença o mal praticando um ato de altruísmo, lembrando que o seu adversário pode ser amolentado por um ato de bondade. Em circunstâncias adversas, o cristão tem uma oportunidade para provar a realidade  da sua fé em Cristo. “Assim, brilhe também a vossa  luz diante dos homens (diante dos vossos adversários), para que vejam as vossas boas obras (por exemplo, o altruísmo) e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt. 5:16).


Conclusão:  O desafio para amar o nosso próximo continua sendo um mandamento irrevogável. O nosso texto nos deu algumas chaves, para que pudéssemos demonstrar a realidade da nossa vida em Cristo. Nesse contexto, o Apóstolo ordena: “Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma. Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg. 1:21-22).


Rev. Ivan G. G. Ross