Vasos de Honra

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

PERFEIÇÃO NA SANTIDADE



Leitura Bíblica: Filipenses 3:12-14.

Introdução: O Ap. Paulo, dirigindo-se aos cristãos em Roma, afirmou que eles foram “chamados para serem santos” (Rm. 1:7). O Ap. Pedro, de forma semelhante, exortou os cristãos da Dispersão: Não “vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu (o Senhor) sou santo” (1Pe. 1:14-16), O modelo desta santidade é aquele que caracteriza o próprio Deus; uma santidade tão infinita que o ser humano, mesmo sendo regenerado e auxiliado pelo Espírito Santo, não pode, nesta vida, alcançá-la. Contudo, não há motivo para ficarmos desanimados, porque, quando deixarmos esta vida, seremos imutavelmente transformados e aperfeiçoados para todo o sempre. (Hb. 12:22-23).

Ao abordar esse assunto, o Apóstolo está se referindo a dois tipos de pessoas que confessam o nome de Jesus Cristo: a) Os judaizantes, que ensinavam que essa santidade perfeita podia ser alcançada pelas obras da lei, pelo esforço humano. Mas o Apóstolo declara a futilidade desse ensino, dizendo: “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as cousas escritas no livro da Lei, para praticá-las. E, é evidente que, pela lei (pelo esforço humano), ninguém é justificado (inocentado) diante de Deus, porque o justo viverá pela fé”  (Gl. 3:10-11). Em vez de alcançar a devida perfeição, as obras da lei deixam tais seguidores cada vez mais perdidos, visto que todos nós continuamos transgredindo essa lei. “Pois a lei nunca aperfeiçoou cousa  alguma” (Hb. 7:19); b) Os indolentes. Aqueles que estão satisfeitos com o mero nome de cristão. Dizem: tenho a salvação, não preciso fazer mais nada! É possível ser cristão sem o desejo de crescer na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo? Somos exortados: “ Procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum” (2 Pe. 1:10). A certeza da nossa salvação depende dessa prontidão.

Vamos sentir como o Ap. Paulo encarava a necessidade de uma aplicação mais participativa na busca dessa perfeição na santidade.

1. A Necessidade de um Ato Providencial. Antes de pensar na santificação, temos que reconhecer que a vida cristã começa com um ato providencial, temos que ser nascidos de novo pelo poder do Espírito Santo, (Jo. 3:6-8). Cristo veio para “buscar e salvar o perdido” (Lc. 19:10). E,  achando um pecador que por natureza está num estado de rebelião espiritual, este tem que ser “conquistado” para que esteja disposto a seguir o seu Salvador, Jesus Cristo. O Apóstolo foi “conquistado”, por isso ele tão prontamente perguntou a seu Conquistador: “Que farei, Senhor?” (At. 22:10). Somos conquistados para conhecer e praticar a vontade de Deus. A Bíblia ensina que fomos “chamados segundo o seu propósito” (Rm. 8:28). O Ap. Paulo orava para que os cristãos pudessem transbordar “de pleno conhecimento da vontade de Deus” (Cl. 1:9). Embora a vontade de Deus tenha uma multiplicidade de expressões, cremos que a nossa santificação tenha uma prioridade. “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (ITs. 4:3). O Apóstolo ensinava: “Assim como Deus nos escolheu, em Cristo, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” (Ef. 1:4). Portanto, a nossa santidade é a evidência incontestável da realidade de sermos conquistados por Cristo Jesus. E, para isso, fomos “selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef. 1:13). Devemos levar a sério a questão da nossa “santificação, sem o qual ninguém verá o Senhor” (Hb. 12:14).

Quando nós fomos achados e conquistados por Cristo Jesus, o Espírito Santo imediatamente gravou sobre o nosso coração a grande promessa da nova aliança. Falando sobre o povo achado por Cristo, o Senhor declarou: “ Na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Hb. 8:10). Essa lei, entre outras finalidades, contém os princípios necessários para desenvolver uma vida santa e irrepreensível. Assim, o Apóstolo, movido por essa lei interior, confessou: “Não que eu tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (V.12).  A frase, “prossigo para conquistar”, possivelmente se refere àqueles que praticam o esporte de agonística, ou seja, a arte da luta. O lutador não considera a possibilidade de uma derrota; por isso, ele se disciplina e concentra toda a sua energia para alcançar o prêmio. A nossa santificação deve ter uma prioridade em nossa vida, afinal, fomos escolhidos para esse fim.

2. A Necessidade de um Ato Pronunciável. O nosso entendimento da doutrina da santificação deve ser pronunciável, isto é, podemos explicar quais as normas adotadas para alcançar a nossa santificação. O Ap. Paulo explicou: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma cousa faço: esquecendo-me das cousas que para trás ficam e avançando para as que adiante de mim estão” (V13.). O Apóstolo pronunciou três coisas que ele praticava a fim de alcançar a desejada santidade.

a)      Ele enfatizava o fato de que ainda não tinha alcançado a perfeição. Essa não foi uma confissão de uma falha no seu procedimento, antes, foi um estímulo para continuar no “bom combate” porque soube que, ao chegar o dia final, ele estaria entre os justos aperfeiçoados” (Hb. 12:23). Por isso, o Apóstolo nos exorta: “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicado e edificados e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em  ações de graças” (Cl. 2:6-7). Ou seja “desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Fl. 2:12).
b)      Antes de ter o seu encontro salvador com Jesus Cristo, o Apóstolo acumulou para si mesmo muitos benefícios, tanto na área acadêmica, como também na área espiritual. Ele mesmo confessou: “E, na minha nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais” (Gl. 1:14). Mas ele chegou a considerar todas essas vantagens “como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus” (Fl. 3:8). E, para alcançar esse objetivo, acrescentou: “ Esquecendo-me das cousas que  para trás ficam”. Reconhecemos que a lembrança de crenças erradas e de conquistas materiais podem impedir o nosso progresso espiritual e causar o pecado de olhar para trás. Muitos dos Israelitas não foram permitidos a entrar na terra prometida porque olharam para trás para lembrar “dos peixes que no Egito comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma e nenhuma cousa vemos senão este maná” (Nm, 11:5-6) A lembrança do passado provocou o desprezo das providências de Deus no presente, por isso, foram rejeitados.
c)      Por causa do esforço para esquecer as coisas que para trás tinham ficado, o Apóstolo estava livre para ocupar-se com o mais importante, isto é, avançar para os valores “que diante de mim estão”. Na corrida para alcançar “ o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”, temos que disciplinar as nossas atitudes e corrigi-las para não cairmos no pecado de murmurar contra o Senhor, “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis” (1Co. 9:24). Corramos para chegarmos vitoriosamente ao fim.

3. A Necessidade de um Ato Proposital. Em todas as atividades desta vida somos impulsionados por um propósito, e, como cristãos, o nosso objetivo é uma santidade que revela a obra santificadora do Espírito Santo em nossa vida, (1Ts. 5:23). Por isso, o Apóstolo acrescentou: “Prossigo para o alvo”, a minha santificação. Mas, não apenas uma vida irrepreensível, prosseguimos “para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (V.14). Temos falado sobre a santificação, mas qual é o sentido desse “prêmio” que aguarda os vencedores dessa corrida espiritual?

Esse prêmio ou galardão é algo além da vida eterna. Embora não saibamos exatamente a forma desse “prêmio”, entendemos que é algo especial reservado para os fiéis, “Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do nosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos” (Hb.6:10). Na consumação dos séculos, no Dia da “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele” (2Ts. 2:1), o nosso testemunho será exibido publicamente. O Ap. Paulo aguardava receber uma “coroa de justiça” (2Tm.4:8). A figura entende uma apresentação pública. “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do seu Senhor” (Mt. 25:21). E Cristo, declamando diante das milícias celestiais: “Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu” (Hb. 2:13). “E eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus que se assenta no trono e ao Cordeiro, pertence a salvação” (Ap. 7:9-10). E, chegando esse Dia do Senhor, teremos maiores esclarecimentos dessa bem-aventurança. Portanto, vamos trabalhar visando esse prêmio, imitando os heróis em Hebreus 2 que enfrentaram todo tipo de dificuldade com fé e muita coragem, “porque contemplavam o galardão” (Hb.11:26).


Conclusão: O terceiro capítulo de Filipenses podia ser intitulado: Uma transferência de prioridades; o que o Apóstolo era antes de ser conquistado por Cristo Jesus; e o que  ele se tornou sob os cuidados de seu Conquistador; ou ainda, A diferença entre as prioridades do homem carnal e do homem espiritual. O carnal se esforça para ganhar as honras deste mundo, enquanto o espiritual se esforça para ganhar uma santidade visível, porque esta é a vontade de seu Senhor. E, para isso, o Apóstolo reconheceu a necessidade de um ato providencial em sua vida, um encontro salvador e santificador com Jesus Cristo. Em seguida, ele reconheceu a necessidade de um ato pronunciável, uma definição quanto à natureza da santificação. E, finalmente, ele reconheceu a necessidade de um ato proposital, o desejo de prosseguir no esforço de alcançar uma vida visivelmente santa e irrepreensível na busca de uma perfeição na santidade. Cristo nos achou e nos conquistou  a fim de apresentar-nos perante Deus o  Pai “santos, inculpáveis e irrepreensíveis” (Cl.1:22). Que sejamos achados assim.

O PROMETIDO FILHO



Leitura Bíblica: Isaias 9:1-7.

Introdução: O versículo 22 do capítulo anterior nos dá um relance da angústia que reinava sobre a terra naqueles dias: “Olharão para a terra e eis aí angústia, escuridão e sombras de ansiedade, e serão lançados para densas trevas”. Neste contexto, o povo recebeu duas grandes promessas. A primeira é de uma grande luz. Essa luz não seria uma esperança distante, antes, ela resplandeceria sobre o povo de uma maneira visível, (V2). A segunda é de uma alegria, porque o Senhor quebraria o jugo que pesava sobre o povo, (Vs. 3-5).

Mas existe uma pergunta implícita: Como, e quando se cumpriram essas promessas? A resposta está no V.6. “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Essas palavras se referem a Jesus Cristo. Ele é a prometida Luz. Ele é o prometido Libertador e o motivo da nossa alegria e paz.

Notemos como o texto apresenta esta promessa: “Um menino nos nasceu, um filho se nos deu”. O  Ap. Paulo explica: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei; a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5). Aquele que nos nasceu é o  “Deus Forte” que  “foi manifestado em carne” (1Tm.3:16). Este é o Filho que Deus nos deu, a fim de ser o nosso Salvador, “no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). E, a fim de nos dar esse livramento, Ele veio já investido  de uma autoridade absoluta sobre todas as coisas, pois, “o governo está sobre os seus ombros”. E o escritor aos Hebreus esclareceu: “Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb. 2:18).

Antes de comentar sobre o versículo 6, é necessário observar que estes quatro nomes são ilustrativos, porque eles são descrições da Divindade absoluta de Jesus Cristo em toda a sua glória.

1. Ele  é o Maravilhoso Conselheiro. “Ele é maravilhoso em conselho e grande em sabedoria” (Is. 28:29). Podemos confiar irrestritamente nos conselhos daquele que declarou: “Eu, porém, vos digo” (Mt. 5:22). Ele tem uma outra orientação  para cada um de nós. A base desta confiança está naquilo que a Bíblia diz a respeito da Pessoa de Jesus Cristo: “Em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl. 2:3).

Este conhecimento que Cristo tem é comunicado aos homens mediante a pregação do evangelho. O Ap. Paulo testemunhou: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dado esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo” (Ef. 3:8). Isto é: “A sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus” (Fl. 3:8). Qual seria o resumo dessa riqueza de Cristo? Ao entrar em Corinto, o Apóstolo deu este resumo da sua mensagem: “Decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co. 2:2). A pregação dessa mensagem pode ser escândalo para os judeus e loucura para os demais povos, contudo, “aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1Co. 1:21). Deus não tem nenhum outro meio para comunicar a sua mensagem de salvação, senão pela pregação do evangelho.

À luz dessas verdades, quais são os conselhos de Cristo, conselhos que são maravilhosos, porque satisfazem as necessidades mais profundas do ser humano? Esses conselhos de Cristo, muitas vezes vêm a nós em forma de convites. Para aqueles que estão cansados e sobrecarregados com o peso do pecado não perdoado, Jesus lhes convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt. 11:28-30). O processo de alcançar esse descanso espiritual é aproximar-se, confiantemente, de Jesus Cristo; assumir uma vida de comunhão espiritual com Ele e pôr em prática os seus conselhos. E, para aqueles que têm uma verdadeira sede espiritual, um anseio para alcançar a piedade convincente, Cristo convida: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”, receba e pratique os meus conselhos. E qual será o resultado? “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”, pois terá o ministério do Espírito Santo atuando eficazmente em sua vida, (Jo.7:37-39). Sim, Cristo é o Maravilhoso Conselheiro, e quem recebe as suas palavras, se tornará sábio para a salvação eterna.   

2. Ele é o Deus Forte. Podemos acreditar que Cristo é o Deus Forte, “Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2:9). Por ser o Deus Forte, Ele demonstrou a seus discípulos o seu controle absoluto sobre os elementos da natureza, pois “os ventos e o mar lhe obedecem” (Mt. 8:27). As últimas palavras de Cristo, antes de subir para o céu, foram: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt. 28:18). Mediante as suas palavras e os seus sinais de poder celestial, Jesus está dizendo a seu povo: Ponha a sua fé na minha pessoa e não se atemorize; eu tenho o poder para te auxiliar em todas as suas dificuldades.

Em 1 Coríntios 2:8, Cristo é chamado “o Senhor da glória”, e em Salmo 24, Ele é “o Rei da glória, o Senhor forte e poderoso, o Senhor, poderoso nas batalhas” (V8). Cristo demonstrou o seu poder na batalha contra o pecado. Ele veio para “destruir as obras do diabo” (1Jo. 3:8). O combate foi sangrento e custou-lhe a sua própria vida. Mas a sua morte não foi uma derrota, antes, foi uma parte inseparável no plano para salvar pecadores; Ele morreu em nosso lugar. E a eficácia desse sacrifício foi provada mediante a sua ressurreição dentre os mortos, a evidência inconfundível da sua vitória sobre o poder do pecado. E, para nós que estávamos mortos em nossas transgressões, “nos deu vida juntamente com Cristo, perdoando os nossos delitos”. Como? “Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, cravando-o na cruz; e despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl. 2:13-15). Somente Cristo, o Deus Forte, o Senhor poderoso nas batalhas, teve o poder para enfrentar os horrores do  pecado e vencê-los triunfantemente.

Mas, por sermos pecadores, os portais do céu foram fechados contra nós. Como a Bíblia declara: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e  o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que  não vos ouça” (Is. 59:2). Mas, Cristo, mediante a sua morte, nos deu redenção e perdão dos pecados; e, na sua ascensão, ao encontrar os portais do céu fechados, ouve-se a ordem: “Levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da  Glória” (Sl. 24:9). Cristo, como o nosso Precursor, entrou pelos portais, agora abertos, por nós, (Hb. 6:19-20). Assim, quando estamos em Cristo Jesus, temos o direito para entrar pelos “portais eternos” do céu, onde desfrutaremos da vida eterna. Como é consolador sabermos que temos, encarnado em Cristo, o Deus Forte, o Senhor, poderoso nas batalhas, pronto para nos auxiliar!

3. Ele é o Pai da Eternidade. Como Pai, Ele é o  Dono da Eternidade. Tudo o que existe, em termos de origem, pertence a Ele. Como podemos definir a eternidade? Falando do rei de Salém, o representante da eternidade, a Bíblia diz que ele era “sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência” (Hb. 7:3). Não precisamos de uma explicação maior. Jesus Cristo, como Pai da Eternidade, está no centro dela, e, por necessidade, possui os atributos de Onipotência, Ele tem o poder absoluto sobre tudo; Onisciência, Ele é conhecedor infalível de tudo o que acontece neste mundo, inclusive as palavras, pensamentos e o procedimento de cada pessoa, desde a fundação do mundo; Onipresença, Ele está em todos os lugares deste universo, por isso, Cristo podia dizer: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt. 28:20).

O Salmo 139 nos dá um relance das possibilidades desses três atributos de Jesus Cristo. São revelações para nos encorajar e fortalecer em cada uma das nossas circunstâncias. Vamos observar como Ele atua.

a)      Cristo é Onisciente, (Vs. 1-6). Vamos sentir a abrangência desse atributo: “Senhor, tu me sondas e me conheces”,(V.1). Sabe das nossas andanças, dos nossos pensamentos e das nossas palavras. “Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec. 12:14). Por acaso essas verdades oprimiam o Salmista? Veja como ele responde: “Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; é sobremodo elevado, não o posso atingir” (V6).
b)      Cristo é Onipresente, (Vs. 7-12). “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?” (V.7). O Salmista imagina lugares de fuga: os céus, o abismo, a alvorada e os mares, nem as trevas o podem encobrir, porque “trevas e a luz são a mesma cousa” (V.12). Por acaso o Salmista se sentia perseguido por causa dessa onipresença de seu Senhor? Veja como ele responde: Seja qual for o lugar, “ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (V.10), Ah, se pudéssemos acreditar nessa conclusão!
c)       Cristo é Onipotente (Vs. 13-18). O Salmista reconheceu o poder de Deus na formação de seu corpo no “seio de sua mãe” (V. 13). Por isso, exclamou: “Graças te dou, visto que por modo assombrosamente me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem” (V.14). Mesmo antes de nascer, a vida inteira já era visível aos olhos do Senhor, (V.16). Novamente, perguntamos: Essa onipotência intimidava o Salmista? Veja como ele responde: “Que preciosos para mim, ó Deus, são os teus pensamentos! E como é grande a soma deles! Se os contasse excedem os grãos de areia. Contaria, contaria, sem jamais chegar ao fim” Vs. 17-18.

O salmista termina a sua reflexão, verbalizando o seu desejo para que esses três atributos sejam usados em seu favor: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”. (Vs. 23-24).

E, para o nosso consolo e encorajamento, dentro da eternidade, o povo de Deus, um por um, será conhecido particularmente, porque: “ Assim como ele nos escolheu nele (em Cristo), antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” (Ef. 1:4). O atributo da onisciência  de Cristo deve nos incentivar a seguir “a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb. 12:14).

4. Ele é o Príncipe da Paz. Em nossos dias, temos muitos proclamadores de paz, porque essa é a palavra que o povo quer ouvir. Mas o Senhor disse: “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (Jr. 8:11). O Ap. Paulo comentou sobre esse assunto, afirmando: “Quando andares dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição” (1Ts. 5:3). A verdadeira paz vem a nós por meio de um só, Jesus Cristo, o Príncipe da Paz. Ele é o Autor e o Distribuidor dessa paz que guardará o nosso coração e a nossa mente com toda a segurança. Ele mesmo prometeu: “ Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo. 14:27).

Devemos lembrar que, como pecadores, éramos inimigos de Deus, pessoas que não obedeciam às normas que Ele prescrevera para toda a humanidade, (Tg. 4:4). A reconciliação remove este óbice (impedimento). “Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo sangue de Cristo, seremos por ele salvos da ira, porque se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte de seu Filho, muito mais, estando reconciliados, seremos salvos por sua vida” (Rm. 5:9-10). Essa reconciliação é possível somente quando somos unidos com Jesus Cristo.

Portanto, temos que saber como podemos tomar posse dessa dádiva de Deus. Reconciliação entende a existência de uma inimizade entre duas ou mais pessoas. Para efetuar essa reconciliação, a causa da inimizade tem que ser resolvida. Deus operou  este efeito quando enviou o seu único Filho para remover os nossos pecados, a causa da nossa inimizade com Deus. “Sabemos também que Cristo se manifestou para tirar os pecados” (1Jo.3:5). Ele conseguiu fazer isto, “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe. 2:24). Ou, como Isaías disse: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele (Jesus Cristo) a iniqüidade de nós todos” (Is. 53:6). Por isso, a Bíblia  enfatiza que fomos “reconciliados com Deus, mediante a morte de seu Filho” (Rm. 5:10). Tomamos posse dessa benção pela fé em tudo o que Cristo fez por nós mediante a sua morte substitutiva na cruz do Calvário. “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna (está reconciliado com Deus); o que, todavia, se mantêm rebelde contra o Filho não verá a  vida (não está reconciliado), mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo. 3:36). “Sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm. 5:9). Somos felizes quando podemos testificar: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”, o Príncipe da Paz” (Rm. 5:1).

Conclusão: No Antigo Testamento, encontram-se muitas referências ao prometido Messias que foram dadas para que o povo pudesse reconhecê-lo. Essas profecias foram tão eficazes que o povo logo começou a perguntar: “Será este, porventura, o Cristo?” (Jo. 4:29). Ou, “Eis que ele fala abertamente, e nada lhe dizem. Porventura, reconhecem verdadeiramente as autoridades que este é, de fato, o Cristo?” (Jo. 7:26). O Apóstolo comentou: “Estes (sinais), porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo. 20:31).

O nosso texto apresenta a pessoa de Jesus Cristo como Emanuel, Deus conosco. Ele é o Maravilhoso Conselheiro, aquele que nos convida: “Vinde a mim (...) e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt. 11:28-29). Ele é Deus Forte, e o governo do mundo inteiro está sobre seus ombros; por isso, Ele é poderoso para salvar pecadores e conduzi-los à vida eterna. Ele é o Pai da Eternidade, aquele que  é Onisciente, Onipresente e Onipotente, por isso, podemos lhe pedir: “Vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”. Ele é o Príncipe da Paz, aquele que nos dá uma paz que excede todo o entendimento; uma paz que guarda o nosso coração e a nossa mente em toda segurança. Que cada um de nós possamos crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.  



A PRESENÇA DO SENHOR





Leitura Bíblica: Salmo 46: 1-11

Introdução: Embora não tenhamos certeza quanto às circunstâncias históricas deste Salmo, o texto descreve uma vitória esmagadora sobre um inimigo. A vitória que o rei Ezequias recebeu quando o exército da Assíria se acampou ao redor de Jerusalém e foi destruído por um anjo oferece um contexto possível para esse Salmo. Ao ver o exército de cento e oitenta e cinco mil homens, o rei Ezequias reuniu o seu povo e disse: “Sede fortes e corajosos, não temais,  nem vos assusteis por causa do rei da Assíria,  nem por causa de toda a multidão que está com ele. Com ele está o braço da carne, mas, conosco, o Senhor, nosso Deus, para nos ajudar e para guerrear nossas guerras. O povo cobrou ânimo com as palavras de Ezequias, rei de Judá” (2Cr. 32:7-8). Como Deus honrou a fé de Ezequias? A Bíblia dá este relatório: “Então, o Senhor enviou um anjo que destruiu todos os homens valentes, os chefes e os príncipes no arraial do rei da Assíria; e este, com o  rosto coberto de vergonha, voltou para a sua terra. Tendo ele entrado na casa de seu deus, os seus próprios filhos ali o mataram à espada” (2Cr. 32:21). Esta história nos ajuda a entender a gratidão que permeia esse Salmo.

O Salmo 46 descreve essa história, ou outra semelhante, poeticamente, espiritualizando os seus princípios. O poema se divide em três estrofes, cada uma terminando com a palavra “selá”  (não incluída na RA). Embora haja algumas dúvidas quanto ao sentido dessa palavra, a maioria entende que é um sinal musical, indicando uma pausa a fim de meditar sobre o assunto exposto. Por exemplo, podemos pensar sobre esta declaração de fé, feita no contexto de uma guerra iminente: “O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”.

Notemos o uso do termo, “o Senhor de Jacó”, e não “o Deus de Israel” (Is. 41:17). Jacó, antes do seu encontro salvífico com o Senhor, era um usurpador e enganador, enfim, um pecador, e a sua descendência herdou essa mesma pecaminosidade, contudo, o Senhor não desprezou esse povo rebelde (At. 7:51). Por isso, a nação passou a ser conhecida com o nome sugestivo, o Deus de Jacó, o Deus de pecadores, o Deus salvador, “que justifica o ímpio que tem fé em Jesus Cristo, (Rm. 4:5).

Com esta introdução, vamos sentir a intensidade espiritual que permeia cada parte desse Salmo precioso e repleto de verdades, visando o fortalecimento da nossa fé, bem como o nosso crescimento na graça do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

1. A Presença do Senhor nas Tribulações, Vs. 1-3. O salmo começa com uma manifestação súbita de admiração espiritual, bem como o reconhecimento da singularidade de Deus. Vamos sentir a emoção inerente na declaração: “Deus (o Senhor dos Exércitos) é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações”.  O Salmista está lembrando de um livramento soberano que o Senhor concedeu. Qual foi o fruto imediato dessa recordação? Uma confiança na promessa do socorro do Senhor em todas as tribulações. “Portanto, não temeremos”, sejam quais forem as agressões. Em seguida, ele fala de quatro acontecimentos: “Ainda que a terra se transforme e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam”.

O Salmista está falando de tribulações, de ataques que podem nos surpreender em qualquer momento. Tais experiências são dadas para nos constranger a correr aos braços daquele que é poderoso para nos socorrer, (Hb. 2:18). São partes do nosso crescimento espiritual; sem elas, permaneceríamos como crianças em Cristo, (1Co. 3:1). Para o Ap.Paulo, tribulações eram algo positivo: “Mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança, experiência e esperança” (Rm. 5:3). Quando os cristãos são fracos, então é que são fortes; quando são pobres, então é que são ricos; quando são humilhados, então é que são exaltados; quando são grandemente afligidos, então é que são grandemente confortados porque “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na tribulação”. Quanto mais o cristão é atribulado, mais a sua confiança nas promessas de Deus será confirmada. Se a nossa fé fosse tão forte como a nossa segurança espiritual em Cristo, não teríamos medo de uma confrontação com inimigos declarados, ou de qualquer outra adversidade. “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo,  sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento” (2Co. 2:14). O rei Ezequias  demonstrou a sua fé inabalável diante do exército da Assíria, comentando: “Com ele está o braço de carne, mas, conosco, o Senhor, nosso Deus, para nos ajudar e guerrear nossas guerras” (2Cr. 32:8). Que cada um de nós possamos revelar uma confiança semelhante nos dias da tribulação!

2. A Presença do Senhor no Santuário, Vs. 4-7. Por causa de suas meditações espirituais, o Salmista é transportado para “o santuário das moradas do Altíssimo”, e lá ele vê “um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus”. Cremos que esse rio é a figura poética que descreve as bênçãos que Deus derrama copiosamente sobre o seu povo. Cristo usou a mesma figura para descrever o ministério do Espírito Santo na vida de seu povo. Como Ele mesmo disse: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior, fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem” (Jo. 7:38-39). Pela atuação do Espírito Santo, a cidade de Deus e seus habitantes têm uma alegria indizível. “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm. 14:17).

Voltando à figura do rio, cujas correntes falam das bênçãos que fluem da presença de Deus, podemos confessar que, de fato, Ele tem “nos abençoado com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef. 1:3). E, nos versículos que se seguem, o Apóstolo numera algumas delas, tais como a nossa eleição. “Assim como nos escolheu, nele (em Cristo),  antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” V.4 Sublinhamos  o propósito dessa escolha: a nossa santificação, “sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb. 12:14). No V.5, temos a nossa “adoção”. O Ap. João comentou, maravilhado: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus” (1Jo. 3:1). No V.7, temos os detalhes da nossa salvação eterna: Em Cristo “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça”. E, nos Vs. 13-14, temos o dom do Espírito Santo. “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória”. Essas e tantas outras, são as bênçãos que alegram os habitantes da cidade de Deus, “o santuário das moradas do Altíssimo”. Vamos sentir o motivo dessa alegria: “Deus está no meio dela; jamais será abalada; Deus ajudará desde antemanhã”.

Depois de passar um tempo no santuário, meditando sobre esse “rio cujas correntes alegram a cidade de Deus”, o Salmista sai para contemplar os acontecimentos no mundo secular. O que ele vê? Em linguagem poética, ele percebe como o mundo (de pessoas) está numa agitação de desespero: “Bramam nações (pagãs), reinos se abalam”. Mas, no meio dessa confusão, “ ele (o Senhor) faz ouvir a sua voz, e a terra se dissolve”. Qual é a reação do Salmista diante desse tumulto? Com as bênçãos do santuário ainda alimentando o seu coração, ele sente uma segurança que pertence somente aos que são guardado pelo poder de Deus e exclama jubilosamente: “O Senhor dos Exércitos está conosco. O Deus de Jacó é o nosso refúgio”. Feliz a pessoa que pode descansar no Senhor e esperar nele, porque esta é a nossa segurança e paz neste mundo desequilibrado.

3. A Presença do Senhor nas Assolações, Vs 8-11. O Salmista continua contemplando esse mundo agitado e fica maravilhado com o espetáculo, por isso, nos convida: “Vinde, contemplai as obras do Senhor, que assolações efetuou na terra”. Ele não se refere às assolações de uma maneira negativa, antes, está compreendendo, com maior clareza, “as obras do Senhor”. Ele está vendo como o Senhor protege e salva o seu povo. Em outro Salmo, o escritor exclama: “Reina o Senhor, tremam os povos. Ele está entronizado acima dos querubins; abala-se a terra. O Senhor é grande em Sião e sobremodo elevado acima de todos os povos” (Sl. 99:1-2). Por estar acima de todos os povos, “Ele põe termos à guerra até os confins do mundo; quebra o arco e despedaça a lança; queima os carros no fogo”. Sim, diante do Senhor esses instrumentos de guerra não têm nenhum poder. Basta pensar no exército da Assíria e seus 185 mil homens armados. Essa multidão de inimigos que queria tomar posse de Jerusalém, foi como nada diante do Senhor, que o frustrou com a maior facilidade todos os seus propósitos: “Então o Senhor enviou um anjo (um único anjo) que destruiu todos os homens valentes, os chefes e os príncipes do arraial do rei da Assíria” (2Cr. 32:21). E, com tal manifestação de poder soberano, não houve nenhuma guerra e Jerusalém permaneceu em paz. Assim, vemos a presença protetora do Senhor, mediante as suas obras assoladoras, que Ele realiza em favor do livramento de seu povo.

Agora, no meio destas reflexões, ouve-se a voz do Senhor, “o rei de toda a terra” (Sl. 47:7), dizendo: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra”. O verbo: “aquietai-vos”, tem o pensamento de ficar parado, sem agitar-se por causa dos acontecimentos que assolam esse mundo. A nossa intervenção poderia impedir a livre ação do Senhor. O Ap. Paulo expressou essa atitude quando falou sobre vingança: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira”, afaste-se do assunto e deixe o Senhor livre para resolver o problema sozinho, (Rm. 12:19). Esta disposição de “largar a mão”, requer um ato de fé, temos que crer que Deus é Deus, “um socorro bem presente nas tribulações”. Ele será, com toda certeza, “exaltado entre as nações”.

Essa frase permite uma pergunta: Como pode o  Senhor ser exaltado entre as nações? Cremos que a resposta certa é: Ele será exaltado mediante a  pregação do evangelho de Jesus Cristo. Como o Salmista disse: “Glorificar-te-ei, pois, entre os gentios, ó Senhor, e cantarei louvores ao teu nome” (Sl. 18:49). Assim, mediante a conversão, pessoas que andavam nas trevas, estão, agora, andando na luz, glorificando o Deus perdoador. “O povo que jazia em trevas viu grande Luz, e os que viviam na região da sombra da morte resplandeceu-lhes a luz” (Mt. 4:16). Tal mudança transformadora aconteceu porque o Senhor é soberano sobre as nações e determinou: “Eu sou exaltado na terra”. Com estas palavras, independente de tudo o que acontece nesse mundo, o Salmista, sentindo uma confiança no socorro, rompeu em gratidão: “O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”. Nesse contexto, ouvimos as palavras do nosso Senhor, dizendo: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo. 14:27).

Conclusão: Esse Salmo de gratidão foi escrito para encorajar e fortalecer o povo de Deus em todas as suas variadas circunstâncias. Vimos a presença do Senhor nas Tribulações. Ele é o nosso socorro bem presente nas adversidades desta vida. Vimos a presença do Senhor no Santuário. Deus está presente em sua casa derramando um rio de bênçãos copiosas sobre todos os que se acham presentes nessa casa do Deus Altíssimo. E, finalmente, vimos a presença do Senhor nas Assolações. E, no meio delas, ouvimos a voz do Senhor, dizendo: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra”. Por causa dessa presença no meio das nossas circunstâncias, podemos exclamar confiantemente: “O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó (o Deus de pecadores arrependidos) é o nosso refúgio”. Que estas palavras nos fortaleçam para podermos viver a vida cristã para a glória de Deus!