Vasos de Honra

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

As Marcas da Piedade



Leitura Bíblica: Salmo 91:1-16

Introdução; De modo geral, nos versículos 1-13, o Salmista está citando as promessas que aqueles que confiam no Senhor podem experimentar em sua vida diária. Mas, nos versículos 14-16, é o próprio Senhor quem fala. Ele está examinando os hábitos dos homens aqui na terra. E, nessa perscrutação, Ele menciona as pessoas que têm as marcas de uma verdadeira piedade. Elas são reconhecidas por causa do seu amor a Deus, do seu conhecimento do nome do Senhor e da sua vida de oração. Embora haja outras marcas da piedade, elas estão todas implícitas nesses três itens. E, o que desperta o nosso interesse, é o que o Senhor promete fazer para aqueles que têm essas três marcas. Ele é sempre “Galardoador dos que o buscam” Hb 11:6. Pois, a promessa é esta: “Todo aquele que crê não será confundido.” – não será envergonhado diante de seus colegas por causa de uma confiança bíblica que não deu certo. Vamos observar essa reciprocidade entre Deus e o seu povo. O piedoso faz algo que desperta o reconhecimento de Deus e como Ele reage diante desses atos de devoção.

1) Em primeiro lugar: Como o piedoso é reconhecido. Ele ama a Deus. Diz o Senhor: “Porque a mim se apegou com amor.” O amor é mais do que uma mera emoção, é uma ação benéfica em favor do amado. O Ap. João nos exorta: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” I Jo 3:18. E, quando amamos a Cristo, eis a evidência: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos.” Jo 14:15. Portanto, o verdadeiro amor é praticado através da obediência aos preceitos que se referem à prática do amor. “O amor não pratica o mal contra o seu próximo: de sorte que o cumprimento da lei é o amor.” Rm 13:10. Estamos amando a Deus quando obedecemos aos primeiros quatro mandamentos do decálogo; e, semelhantemente, estamos amando o nosso próximo quando obedecemos aos demais seis mandamentos do decálogo, Ex 20:1-17. Quando o Senhor viu que o piedoso se apegou com amor a Ele, Ele viu um homem que o amava de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento, Lc 10:27. Os seus atos visíveis revelaram a intensidade de seu amor. “E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos.”  II Jo 6.

Agora, vamos ver como Deus abençoa aqueles que se apegam a Ele com amor. Ele mesmo promete: “Eu o livrarei.” Subtende-se que o Salmista enfrentava diversas formas de perigo: terror noturno, setas que voavam de dia, a peste que se propagava nas trevas, a mortandade, versículos 6-7. Seja qual for a natureza específica desses quatro males, cremos que o Senhor tem controle absoluto sobre cada um. Esse livramento nem sempre é literal nesta vida; às vezes, ele vem através da morte, quando somos retirados do combate para estarmos para sempre com o Senhor. Assim, seja qual for o final, podemos cantar: “Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo”. I Co 15:57.

2) Em Segundo Lugar:  Como o piedoso é reconhecido. Ele conhece a natureza de Deus. Diz o Senhor: “Porque conhece o meu nome.” Na Bíblia, um “Nome” representa a totalidade da pessoa indicada, a sua natureza moral e a vocação que exerce. Jesus recebeu o seu nome, porque significa “Salvador.” Ele salva o seu povo dos pecados deles, Mt 1:21. Quando Moisés quis conhecer melhor o seu Deus, ele recebeu esta revelação: “Tendo o SENHOR descido na nuvem, ali esteve junto dele (Moisés) e proclamou o nome do SENHOR. E passando o SENHOR por diante dele (Moisés) clamou: SENHOR, SENHOR, Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade, as transgressões e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até a terceira e quarta geração.”  Ex 34:5-7. Nessa revelação, o nome do SENHOR foi anunciado enumerando alguns de seus atributos. Por natureza, o nosso Deus é conhecido por causa de suas virtudes. “O que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles (os homens), porque Deus lhes manifestou.” Rm 1:19. Em nosso contato com Ele, descobrimos que Ele é compassivo, clemente, longânimo, misericordioso, fiel, perdoador e justo. É exatamente por causa do reconhecimento desses atributos em nosso Deus que somos atraídos a Ele e encorajados a entregar a nossa vida aos cuidados dele. O homem piedoso do nosso Salmo conheceu o Senhor por causa da auto-revelação dos atributos divinos atuando em sua vida. Crer em Deus e honrar o seu nome significa acreditar que Ele é acessível aos pecadores arrependidos por causa desses atributos de acessibilidade.

 Agora, vamos ver como Deus abençoa aqueles que conhecem o seu nome. Ele mesmo promete: “Pô-lo-ei a salvo”. O pensamento é “elevar em segurança” Sl 20:1; ou “por cima do alcance dos adversários.” Sl 59:1. Aqueles que têm as marcas indeléveis da verdadeira piedade podem confiar na fidelidade de Deus. De uma ou de outra forma, Ele coloca o seu povo “por cima do alcance de seus adversários”. Com essa mesma confiança, o Apóstolo faz a pergunta retórica: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas cousas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou”- Jesus Cristo, Rm 8:35-37. Sim, a prometida proteção que o piedoso recebe em sua vida espiritual é motivo de louvor e gratidão para sempre.

3) Em terceiro lugar: Como o piedoso é reconhecido. Ele é homem de oração. O Senhor testificou: “Ele me invocará.” O ato de invocar o nome do Senhor tem um tríplice sentido: a) É uma maneira de confessar, publicamente: Eu pertenço ao Senhor. Em contraste com os filhos de Caim, os filhos de Sete “Começaram a invocar o nome do Senhor.” Gn 4:26. Eles se separaram dos filhos de Caim, a fim de estarem livres para pertencer e servir ao Senhor. Abraão, ao entrar na terra de Canaã, “edificou um altar e invocou o nome do Senhor”. Gn 12:8. Desde o início, Abraão anunciou aos cananeus que pertencia e servia ao Deus vivo e verdadeiro. b) Invocar o nome do Senhor é também um ato de culto público. “Vinde, cantemos ao Senhor, com júbilo, celebremos o rochedo da nossa salvação. Saiamos ao seu encontro, com ações de graças, vitoriemo-lo com salmos. Porque o Senhor é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses”. Sl 95:1-3. c) É o momento quando confessamos a nossa total dependência das providências do Senhor. “Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças”. Fl 4:6. Ou, como o Ap. Pedro disse: “Lançando sobre ele (Senhor) toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós.” I Pe 5: 7. Senhor, ensina-nos a invocar o teu nome como convém!

Agora, vamos ver como Deus abençoa aqueles que invocam o seu nome. O salmista fala de cinco dádivas que o Senhor promete lhes dar:

1°) “E eu lhe responderei.” As respostas estão sempre condicionadas à vontade de Deus. Ele não promete responder todo e qualquer tipo de oração. Os nossos pedidos têm que estar de acordo com as promessas das Escrituras Sagradas. Por isso, o Ap. João concluiu: “E esta é a confiança que temos para com ele: que se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, Ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtivemos os pedidos que lhe temos feito”. I Jo 5: 14-15.

2°) “Na sua angústia eu estarei com ele”. Uma das últimas palavras de Cristo a seus discípulos foi: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” Mt 28:20. E o salmista testemunhou: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam” Sl 23:4.

3°) “Livrá-lo-ei e o glorificarei”. Davi foi cruelmente perseguido pelo rei Saul, mas o Senhor “o livrou de todas as suas tribulações.” Sl 34:6 E, não apenas isso, ele foi glorificado, sendo feito rei sobre Israel. Mas, o cristão é mais feliz ainda, porque, além de ser libertado de todas as suas tribulações, ele é glorificado e habitará na presença do Senhor para todo sempre. O Ap. Paulo, meditando sobre essa esperança, disse: “Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.” Rm 8:28-31.

4°)”Saciá-lo-ei com longevidade.” Sabemos que ninguém pode garantir a sua longevidade, porque a morte não se limita a trabalhar somente entre os idosos. Ela ceifa as suas vítimas a partir dos recém nascidos. Então, o que significa essa longevidade?” Para aquele que é salvo por Cristo Jesus, ele já tem a vida eterna, Jo 3:36. Seja qual for a sua idade na hora da morte, a vida continua, não mais aqui na terra, mas, sim, para todo o sempre, na presença daquele que nos amou e a si mesmo se entregou por nós. Essa é a longevidade em toda a sua ininterrupta plenitude.

5°) ”Eu lhe mostrarei a minha salvação.” Tendo alcançado a verdadeira longevidade, e já estando no céu, descobriremos o verdadeiro sentido da salvação que temos pela fé em Jesus Cristo. No momento: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. I Co 2:9. Mas, no céu, ao contemplar “a face” do Autor dessa salvação, cremos que seremos plenamente saciados, porque nele estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. Cl 2:3 “Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei; porque o Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Vós com alegria tirareis água das fontes da salvação.” Is 12:2-3

Conclusão: A Bíblia registra: “Do céu olha Deus para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus.” Sl 53:2. E, quando vê um homem que se apegou a Ele com amor, que já o conhece por experiência própria, e que o invoca com assiduidade, podemos imaginar a sua alegria. Como o Senhor demonstra essa alegria? Ele reage, garantindo ao piedoso uma profusão de promessas valiosas. O Ap.Pedro fala das “preciosas e mui grandes promessas,” cada uma é dada para nos fortalecer e nos encorajar em nossa perseverança. Que possamos aprender a tomar posse dessas promessas e a crescer na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.



Rev. Ivan G. G. Ross

sábado, 4 de janeiro de 2014

OS PERSEGUIDOS



“Bem-aventurado os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus: pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mateus 5:10-12).

INTRODUÇÃO: A oitava é a última bem-aventurança no sermão do monte, e, até certo ponto, é diferente das demais. As primeiras sete bem-aventuranças anunciam as virtudes que caracterizam a vida de todos os filhos de Deus. Mas, a oitava bem-aventurança fala da reação que essas perfeições provocam nos ímpios. Eles odeiam essas virtudes e perseguem os seus possuidores, a fim de desacreditar e destruir o seu testemunho.

1. A Causa da Perseguição: Cristo explicou: “ Por causa da justiça,” por causa de uma vida santa e irrepreensível. Aqui percebemos um paradoxo. Por um lado, todo mundo elogia a prática de boas obras e de uma vida correta, porém, quando alguém está praticando essas excelências em nome de Cristo, é zombado e perseguido. Por que essa oposição? Quando o ímpio vê alguém praticando a justiça, a sua consciência  o acusa da sua omissão. Mas, em vez de arrepender-se e começar a praticar a vontade de Deus, ele fica irritado com o bom testemunho do piedoso, porque a sua consciência foi despertada para o condenar. Para livrar-se dessas acusações em seu homem interior, ele se levanta contra o causador dessas inquietações para o destruir. “Pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.”

2. A Natureza dessa Perseguição: A perseguição religiosa sempre teve duas manifestações. Na igreja primitiva, a perseguição infligia os cristãos com toda sorte de sofrimento físico, prisões, e até morte cruenta. Contudo, acredito que a perseguição mais comum em nossos dias é o uso de uma língua venenosa. Quando, por causa de Cristo “vos injuriarem e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós”. Por que Deus permite a perseguição de seus filhos? Embora não tenhamos uma resposta completa, sabemos  que todas as cousas (inclusive perseguição) cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm. 8:28). Um desses benefícios é a confirmação da veracidade da nossa fé em Cristo. “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe. 1:6-7). Nesse dia, Cristo receberá todo " o louvor, glória e honra", porque, mesmo em meio ao sofrimento, seu povo há de engrandecê-lo através da maneira pela qual foi conduzido à vida eterna.

3. A Reação à Perseguição. Devemos lembrar que, como cidadãos do reino de Deus, já temos uma vida bem-aventurada acalmando o nosso coração em meio a diversas experiências desta vida. E, agora, diante das angústias da  perseguição, qual é a nossa reação? Jesus Cristo recomendou: “Regozijai-vos e exultai”. O Ap. Tiago acrescentou: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança” (Tg. 1:2-3). A perseverança ao prosseguir algo subentende uma convicção de que todas as adversidades são um nada a fim de alcançar o propósito da nossa fé: a salvação da nossa alma. O Ap. Paulo podia declarar: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros de Deus e: co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Rm. 8:17). Esta foi a esperança dos apóstolos quando foram açoitados: “E eles se retiraram do Sinédrio, regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome” (At. 5:41). Vamos cultivar  a mesma convicção do Ap. Paulo: “Porque para mim, tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser compadrados com a  glória a ser revelada em nós” (Rm. 8:18).

4. A Recompensa da Perseguição.  Aceitamos muitas coisas do presente quando temos certeza quanto ao bem que teremos no futuro. Assim, suportamos a perseguição do presente momento porque temos plena confiança na veracidade da promessa de Cristo: “Grande é o vosso galardão nos céus”. Esta foi a esperança que alimentava os heróis de Hebreus 11: “Pela fé, Moisés quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado, porquanto  considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão” (Hb. 11:24-26). Cristo também sofreu tudo alegremente, porque contemplava o galardão: “o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hb. 12:2). O galardão que Cristo recebeu foi a vitória sobre o pecado, podendo, agora, perdoar os pecados de todos os  crêem. E o galardão que aguarda os que são perseguidos por causa de Cristo é a bem-aventurança de serem herdeiros “ do reino dos céus” e habitar com Cristo, que é incomparavelmente melhor do que qualquer momento de prazer nesta vida.


CONCLUSÃO: Devemos sentir a repetida ênfase sobre a bem-aventurança dos herdeiros do “reino dos céus”. Eles possuem “uma alegria indizível e cheia de glória”. Por quê? Porque sabem que Deus começou uma obra espiritual em  sua vida, dotando-os com virtudes que os distinguem como “o sal da terra” e “ a luz do mundo”. Seu prazer maior é guardar os mandamentos de seu Salvador e fazer diante dele o que lhe é agradável. Assim, eles “brilham”, deixando os homens verem a realidade dos valores espirituais; isto é: Cristo em sua vida, a esperança de glória.

Rev. Ivan G.G. Ross