Vasos de Honra

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

SALVAÇÃO: A PROVIDÊNCIA DE DEUS



Leitura Bíblica: Efésios 2:1-10.
Introdução: No primeiro capítulo de Efésios, temos o esboço do plano da salvação. É uma obra do Deus triúno; como Ele, em toda a sua gloriosa plenitude, explicou: “Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador” (Is. 43:11). É o Pai que “nos tem abençoado com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais” (V.3). Em Cristo, o Filho de Deus, temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados (V.7). E “o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor (a garantia) da nossa herança” (Vs.13-14). O resultado de cada Pessoa da Divindade, agindo segundo a sua atribuição específica, é a Salvação Eterna daqueles que crêem. O Pai sempre toma a iniciativa (nas obras da criação e da salvação de seu povo); porém, essas determinações se realizam somente por intermédio de seu Filho: “Todas as cousas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Jo. 1:3). E o Espírito Santo toma, aplica e sela essa obra redentora de Jesus Cristos àqueles que crêem. “O próprio Espírito Santo testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm. 8:16). É o Espírito Santo, habitando em nosso homem interior, que nos fortalece para permanecermos em Jesus Cristo e descansarmos na sua na sua obra redentora. (Ef. 3:16-17). No segundo capítulo de Efésios percebemos que essa salvação, como providência de Deus, é o único recurso para o bem total do homem pecador.
1.  A necessidade da Salvação, Vs. 1-3. Para entender melhor a necessidade da salvação, temos que reconhecer o estado espiritual do homem natural. Por causa de seus pecados, ele é espiritualmente perdido, vivendo sem a presença salvadora de Deus em sua vida. Nesse estado derrotado, o homem não tem esperança de algo melhor a não ser que Deus intervenha soberanamente ao seu encontro. Mas, o que significa ser “perdido”? Nesse estado, o homem está caminhando para uma eternidade onde existe somente o “choro e ranger de dentes” (Mt. 13:42). Ou, como o Apóstolo registrou, os perdidos “sofrendo penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder” (2 Ts. 1:9). Esses fatos sombrios fazem com que reconheçamos que há uma grande necessidade da salvação que somente o Senhor pode oferecer ao pecador.
O Apóstolo usa três realidades para demonstrar a corrupção original: A) Ele é “morto em seus delitos e pecados” (V.1). Essa morte é uma inércia total na área espiritual. Como a nossa Confissão de Fé ensina: “Desta corrupção original, pela qual ficamos totalmente indispostos, incapazes e adversos a todo bem e inteiramente inclinados a todo mal, é que procedem todas as transgressões atuais” (Cap. 6:4). A Confissão acrescenta ainda mais: “Por ser morto no pecado, o homem é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso” (Cap.9:3). Não há dúvida alguma quanto à necessidade de salvação, da intervenção divina na vida do homem. B)Por natureza, o homem tem a tendência de seguir modelos. O mundo, composto de pecadores, tem o seu próprio modo de agir e cuidar de seus desejos carnais. Por isso, “a amizade do mundo é inimiga de Deus” (Tg 4:4). O homem revela a sua rejeição de Deus andando “segundo o curso deste mundo, segundo o princípio da potestade do ar, e do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (V.2). Para sair dessa cegueira espiritual, o homem tem uma grande necessidade da salvação que somente o Deus misericordioso pode dar. C) Para pecar, o homem está fazendo o que lhe é natural. Ele segue as inclinações da sua carne e faz a vontade da sua carne (V.3). Em outras palavras, o homem vive uma vida egoística, tendo em vista somente o que é propriamente seu, (Fl. 2:4). Novamente, o homem  precisa de uma intervenção soberana da parte de Deus a fim de ser salvo de si mesmo.
2. A Natureza da Salvação, Vs. 4-7. Até aqui, o Apóstolo estava nos preparando para sentir o contraste entre o que éramos, “mortos em nossos delitos e pecados” e o que temos agora: “Ele nos deu vida, juntamente com Cristo” (V. 5). Quanto à natureza da salvação, podemos observar três verdades: A) Esta salvação é uma revelação da misericórdia e grande amor de Deus para com o seu povo pecador. Por causa do nosso pecado, Deus podia ter usado todos os rigores da lei contra nós; mas, não, Ele determinou usar a riqueza da sua misericórdia. Como o Profeta explicou: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã” (Lm.3:22). E, de  modo semelhante, o seu grande amor para conosco se resume em nossa salvação eterna. “Nisto consiste o amor: Não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo. 4:10). Propiciação significa: desviar a ira de Deus. Essa ira é direcionada contra todos os pecadores; porém, no caso de seu povo, Cristo, o nosso fiador, interveio e impediu que essa ira caísse sobre eles. Esta é a natureza da nossa salvação. B) Para efetuar a nossa salvação, era necessário realizar uma verdadeira ressurreição espiritual (novo nascimento, regeneração – Tt.3:5). Por isso, “nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (V.6). Não apenas uma vida no sentido mais sublime da palavra, mas, “nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”! Como Cristo venceu a morte por meio da sua ressurreição  e sentou-se à direita de Deus, nós também venceremos a morte por meio da nossa ressurreição, a fim de estarmos com o Senhor para sempre. Mas o Apóstolo entende que, mesmo agora, assentados nos lugares celestiais, desfrutamos de toda sorte de benção espiritual. Somos riquíssimos! Esta é a natureza da salvação que Deus tem preparado para seu povo. C) O motivo de Deus quando Ele deu esta salvação a seu povo, “Para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (V.7). Observamos a repetida frase: “Em Cristo”. Para lidar com o pecador, o Pai não age diretamente com ele, antes, é sempre mediante as atribuições de seu Filho Jesus Cristo. A glória de Deus consiste em revelar a sua natureza divina. A salvação do pecador testifica, durante todos os séculos, “a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco”. Novamente, podemos sentir o espanto que o Apóstolo exprimiu quando disse: “E estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida em Cristo” (V.3). À  luz desta maravilha, o Apóstolo se entregou irrestritamente ao  serviço de Deus, confessando: “E esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl. 2:20). Eis a natureza dessa salvação, temos um vida diferente, disposições diferentes, uma vida devolvida a Deus em plena consagração, com esta determinação: “Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma” (2Co. 12:15).
3. A Nobreza da Salvação, Vs 8-10. Nobreza no sentido de que a salvação é distribuída generosa e gratuitamente para todos os que recebem os seus termos. “Porque pela graça sois salvos mediante a fé”  em Jesus Cristo. Por sermos totalmente incapazes de merecer a salvação, Deus a concede gratuitamente, para que tenha um povo exclusivamente seu, adquirido por um preço caríssimo: a morte vicária de seu próprio Filho. Por esse sacrifício substitutivo, Cristo  satisfez, plenamente, todos os requisitos da lei, pagando todas as nossas dívidas judiciais e fazendo, assim, a nossa justificação, Deus nos aceitando sem qualquer impedimento. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gl. 3:13).
Se perguntarmos: Como pode alguém crer salvificamente em Jesus Cristo, visto que “o homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”? (1Co. 2:14). Novamente, percebemos a nobreza da salvação que Deus preparou. Duas ações são introduzidas: primeiro, o homem é regenerado e recebe uma vida nova, caracterizada  por disposições espirituais; e, em segundo lugar, recebe a fé para crer salvificamente em Jesus Cristo. Notemos que essa fé não vem de nós mesmos, isto é, ela não aparece mediante a nossa própria volição: “é dom de Deus”. Tudo o que é associado com a salvação da nossa alma é concedido gratuitamente. “Não é de obras, para que ninguém se glorie”. Para que ninguém elogie-se a si mesmo, dizendo: Eu, com a minha própria integridade, alcancei a salvação da minha alma. Deus é zeloso por sua  própria glória: “Eu sou o Senhor, este é o meu nome: a minha glória (concedendo a salvação gratuitamente a meu povo), pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura” (Is. 42:8).
Outra verdade que enaltece a nobreza da salvação se encontra no versículo  dez: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para  boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. Quais são essas boas obras? São aqueles passos relacionados ao recebimento da nossa salvação. “Na sua providência ordinária Deus emprega meios” (Conf. De Fé 5:3). Assim, quanto a nossa salvação, Ele preparou, de antemão, os meios pelos quais podemos experimentar essas bênçãos, e, andando neles, com certeza, teremos a consciência da nossa salvação. Somos criaturas responsáveis, portanto, para desfrutar das bênçãos de Deus, temos que obedecer aos seus preceitos. De fato, Ele tomou a iniciativa, regenerando-nos e capacitando-nos para crer em Jesus Cristo, porém, somos nós que temos que testemunhar da nossa fé. É sempre, “com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Rm. 10:10). A nossa salvação foi selada com o Santo Espírito da promessa, que opera em nós o seu fruto, porém, somos nós que temos que externar esse fruto: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,  mansidão, domínio próprio” (Gl. 5:22-23). Nesse contexto, Cristo exortou: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras (as evidências da vossa salvação) e glorifiquem o Pai que está nos céus” (Mt.5:16). O Ap. Tiago explicou: “Assim também a fé, se não tiver obras (as evidências da obra de Deus), por si só está morta” (Tg. 2:17).
Conclusão: Aprendemos nesta mensagem que a salvação da nossa alma é uma obra única do Deus triúno; o Pai, o Filho, e o Espírito Santo, cada um agindo de acordo com a sua própria atribuição, a fim de providenciar a vida eterna para o seu povo.

Por causa da pecaminosidade humana, percebemos a sua necessidade de salvação, sem a qual ele estaria perdido eternamente. Quando examinamos a natureza da salvação, descobrimos que ela é uma revelação da misericórdia e do grande amor de Deus. A nobreza da salvação se manifesta mediante a sua gratuidade. Pela graça somos salvos, portanto, temos a responsabilidade individual para externar esta obra de Deus através de uma vida condutiva. Porque, como Cristo observou: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt. 7:20). Que a nossa salvação seja visível a todos ao nosso redor!