Vasos de Honra

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O centralismo de Cristo



Um dos pecados mais perigosos e trágicos no cristianismo moderno é o abandono da centralidade de Cristo em seu testemunho. O grande objetivo de Deus, o Pai, quando enviou o seu Filho unigênito para este mundo foi para que Cristo fosse reconhecido como Senhor dos senhores e Rei dos reis, Ap. 19:16; e, para que Ele triunfasse sobre a morte e se tornasse o cabeça da Igreja. “Ele é a cabeça do corpo, da Igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia” Cl 1:18. O povo cristão é reconhecido por causa da supremacia de Cristo em todo o seu procedimento.

É crucial que nos tornemos decisivamente orientados por Cristo em todas as áreas da nossa vida. A maioria das pessoas no mundo de hoje não busca a direção de Cristo; e, infelizmente, uma boa parte dos cristãos não tem esta vida cristocêntrica. De modo geral, o povo centraliza sua vida nos interesses materiais, tais como: emprego, dinheiro, família, lar, recreações e igreja, porém, raramente, em Cristo. Devemos seguir o exemplo do Ap. Paulo, possivelmente o homem mais cristocêntrico na história da igreja. Ele gostava de testemunhar: “Para mim, o viver é Cristo” Fl. 1:21. Esta verdade caracterizava todos os seus escritos. “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo” Gl. 6:14.

A vida Cristocêntrica do Apóstolo se torna evidente pela natureza da sua conversão, na qual ele foi conduzido a desistir de tudo o que era importante para ele, como homem carnal . Depois de enumerar as razões da sua “confiança na carne”, o Apóstolo passa a descrever, não apenas a sua renúncia destes valores carnais, mas, também, do seu desprezo total por estes supostos méritos espirituais. “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo (lixo), para conseguir Cristo  e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei (obras meretórias), senão o que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé” Fl. 3:8-9.

O Apóstolo nos conta que, mediante a sua co-crucificação com Cristo, ele foi habilitado para ter uma vida cristocêntrica . “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” Gl. 2:19-20. Se pudéssemos resumir a experiência cristã em quatro palavras, seria: “Não eu, mas Cristo.”

Ao entrar numa cidade, a fim de pregar o evangelho, o Apóstolo tinha um único pensamento: “Nós pregamos a Cristo crucificado” 1 Co. 1:23. “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor; e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus” 2Co. 4:5.

  
Novamente, o Apóstolo testifica: “Como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte. Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” Fl. 1:20-21.

Este é o ministério cristocêntrico; e é o que está faltando em nossos dias. Se desejamos uma vida cristocêntrica, devemos seguir este três princípios: 1) Devemos manter Cristo no centro de todas as nossas meditações e crenças doutrinárias; 2) Devemos fazer com que Cristo esteja no centro de nossas afeições e atos de culto; 3) Devemos situar Cristo no centro de todas as nossas decisões e práticas. “Veio temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido” At. 19:17.

Rev. Ivan G. G. Ross
Itajubá, 26 de Janeiro de 2011

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O HOMEM JUSTO



Introdução: O Salmo 14 descreve o homem natural; ele é um insensato e vive praticando a injustiça. O Salmo 15 descreve o homem espiritual; ele vive com integridade e pratica a justiça. O injusto vive afastado dos caminhos do Senhor, pois não O invoca; enquanto que o justo vive no temor do Senhor e, de coração, fala a verdade. Um serve os seus próprios interesses, por isso, corrompe-se e pratica abominação; ao passo que o outro serve ao Senhor e vive irrepreensivelmente como na presença dele. Convém lembrar que o Senhor distingue entre um e o outro. “Então vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve” Ml.3:18. 

Portanto, o Salmo 15 não está descrevendo como o pecador se salva; antes, está mostrando como o pecador regenerado demonstra a sua nova vida em comunhão com Deus. Mas qual é o fator que provoca esta diferença entre as pessoas deste mundo? Para receber esta nova espiritualidade, a pessoa tem de nascer de novo, tem de ser regenerada pela intervenção do Espírito Santo. Cristo enfatizou: “Se alguém não nascer de novo não pode ver (e nem entender as verdades que pertencem a) o reino de Deus... O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito” Jo.3:3,6. Nascer da carne significa entrar nesta vida carregando todo o legado do pecado; isto é, “não tendo esperança e sem Deus no Mundo” Ef.2:12. Mas aquele que é nascido do Espírito, é aquele que crê em Jesus Cristo, e que experimentou “a benignidade de Deus, nosso Salvador ... ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo Tt.3:4-5. 

No entanto, a experiência do novo nascimento nem sempre é tão sensível, antes, muitas vezes, é uma consciência sutil da obra progressiva de Deus em nossa vida, um crescimento perceptível na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, 2Pe.3:18. Portanto, na falta de uma experiência momentosa, é necessário discernir as evidências do novo nascimento. A natureza de cada pessoa é descoberta pelo fruto que produz, Mt.7:15-16. Aquele que crê em Cristo desfruta de uma união vital com ele. “E, assim, se alguém está em Cristo (unido com Ele), é nova criatura; as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” 2Co.5:17. 

O Salmo 15 apresenta alguns aspectos desta nova vida em Cristo Jesus. A verdadeira justiça é sempre demonstrável, isto é, a mudança no procedimento moral e espiritual é visível a todos, Mt.5:16. 

1. Uma Pergunta que Exige uma Resposta, V.1. Devemos entender que o Salmista levantou seus olhos para contemplar o “Tabernáculo” e o “santo monte” de Jeová. Este é o nome pessoal e mais sublime do Deus verdadeiro, Ex.3:15. O pensamento principal neste nome vem do verbo “Ser”: “Eu Sou”, como se encontra em Ex.3:6, 13-15; 6:2-3, e enfatiza a sua auto subsistência e eternidade. Jeová revelou o sentido deste nome a Moisés, dizendo: Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, e perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniqüidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até a terceira e quarta geração” Ex.34:5-8,14. Ao ouvir este Nome, Moisés imediatamente se curvou para a terra e O adorou, porque, nele, está o perdão do pecado, Sl.130:4. 

Quando o Profeta Isaías viu o Senhor (Jeová) assentado sobre um alto e sublime trono, ele logo percebeu a santidade deste Deus, pois os serafins “clamavam uns para os outros: Santo, Santo Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.” E qual foi a reação do Profeta? Ele sentiu a sua pecaminosidade condenadora e a impossibilidade de ser aceito por um Deus tão santo e separado de pecadores, Is.6:1-5. O Salmista em nossa leitura sentiu algo semelhante, por isso, a pergunta: “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte?” Que pode se aproximar deste Deus, em cuja presença os imaculados Serafins são constrangidos a encobrir seus rostos, pois a santidade do Senhor é demasiadamente fulgurante e gloriosa? Quem pode entrar na presença deste Deus intocável e prestar-lhe um culto aceitável? 

Contudo, apesar desta aparente inacessibilidade, Jeová é o Deus da Aliança da Graça; isto é, Ele entrou em contato com o pecador e estabeleceu os meios pelos quais seus pecados seriam perdoados e o seu culto feito aceitável. Jesus Cristo é o Anjo da Aliança e o seu Mediador, Ml.3:1; Hb.12:24. De acordo com os termos da Aliança, temos acesso à presença de Deus por intermédio exclusivo de seu Filho unigênito, Jesus Cristo, Hb.7:25. No exercício deste ofício, Ele convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados, e eu vos aliviarei.” “Não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejam salvos At.4:12. Portanto, quais são os padrões de justiça necessários para que o homem redimido tenha plena comunhão com Deus. É Ele mesmo que estabelece as condições. 

2. A Resposta Positiva o que o regenerado pratica, Vs.2,4b. O Salmista ressaltou cinco princípios que caracterizam os hábitos daquele que é nascido pelo Espírito Santo. Através deste procedimento, ele procura glorificar a Deus em todas as suas atividades.  
a) Ele vive com integridade. Ele tem uma só maneira para conduzir a sua vida. O Ap. Tiago fala do “homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos” Tg.1:8. Um dia está no meio dos cristãos, gabando-se da sua piedade; outro dia está no meio dos mundanos, gabando-se da sua mente aberta e da sua tolerância. Mas aquele que é nascido de novo é íntegro, e de testemunho santo e irrepreensível. Ele se esforça para ser operoso praticante da palavra de Cristo: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” Mt.5:48. 
b) Ele pratica a justiça. Esta característica se refere mais à maneira pelo qual o regenerado lida com o seu próximo. Ele é rigorosamente honesto em tudo. “Nesta matéria, ninguém ofenda, nem defraude a seu irmão”, porque o Senhor é vingador de todas estas injustiças, 1Ts.4:6. Enfim, aquele que é nascido de novo ama a seu vizinho, e “o amor não pratica o mal contra o seu próximo” Rm.13:10. 
c) Ele, de coração, fala a verdade. A mentira é a marca característica do diabo e de seus filhos, Jo.8:44. O homem natural, isto é, aquele que não é regenerado pelo Espírito Santo, vive mentindo e enganando a seu próximo. Mas aquele que é nascido de novo, já se despojou de toda linguagem obscena e mentirosa; é uma nova criatura em Cristo Jesus, Cl.3:8-10.  
d) Ele honra os que temem ao Senhor. O Salmista confessou: “Quanto aos santos que há na terra, são eles os notáveis nos quais tenho todo o meu prazer” Sl.16:3. Os que temem ao Senhor são os santos aqui na terra; e, juntos, formam uma grande fraternidade. Esta família, salva por Cristo Jesus, é unida pelos laços do amor, por isso, a exortação: “Amai os irmãos” 1Pe.2:17. 
e) Ele jura com dano próprio e não se retrata. Quando o verdadeiro crente assume um compromisso através de uma promessa solene, seja qual for a área: casamento, batismo de seus filhos, pública profissão de fé e serviço a Deus através de cargos de responsabilidade na Igreja, ele é fiel, é cumpridor da sua promessa. Enfim, ele faz tudo, de coração, como ao Senhor e não para homens, Cl.3:23. Estes compromissos podem causar-lhe dano próprio, porém, não se retrata. A leviandade não mais existe naquele que é nascido pelo poder do Espírito Santo. 

3. A Resposta Negativa o que o regenerado não pratica, Vs. 3, 4a, 5a. O Salmista ressaltou seis atividades que o nascido de novo sempre evita. Assim, através de uma vida que não provoca escândalos, ele procura glorificar a Deus. Ele não pratica estas cousas por serem elas formas de injustiça. “Empenhai-vos por serdes achados por ele (Cristo) em paz, sem mácula e irrepreensíveis” 2Pe.3:14. 
a) Ele não difama com a língua. Ele não procura descobrir os segredos íntimos de seu vizinho, a fim de o desacreditar perante as demais pessoas, Lv.19:16. 
b) Ele não faz mal ao próximo. O verdadeiro cristão não anuncia todas as notícias negativas que ouve. Ele zela pelo bem do seu próximo, pois sabe que o nome de alguém é de sumo valor, Pv.22:1. 
c) Ele não lança injúria contra o seu vizinho. Além de não fazer falsas acusações, ele repreende aquele que dá prosseguimento às encrencas. “O vento norte traz chuva, e a língua fingida, o rosto irado” Pv.25:23. Tudo tem as devidas consequências, ou o bem ou o mal. 
d) Ele não tem amizade com os perversos. A Bíblia exorta: “Retirai-vos do meio deles, diz o Senhor; não toqueis em cousas impuras; e eu vos receberei, serei o vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso” 2Co.6:17-18. 
e) Ele não empresta o seu dinheiro com usura (juros exagerados). A agiotagem é uma das formas mais cruéis para oprimir o necessitado, um crime condenado pela lei de Deus, Lv.25:35-38; Ez.18:5-9. 
f) Ele não aceita suborno contra o inocente. O suborno corrompe todos os padrões da justiça, uma prática condenada pelas Escrituras Sagradas, Ex.23:8; Dt.16:19. O regenerado sempre promove a justiça, Sl.23:3; Ef.5:8-10. 

4. Uma Promessa de Segurança, V.5b. “Quem deste modo procede (sempre demonstrando a sua regeneração através de uma vida santa e irrepreensível) não será jamais abalado.” O fruto do Espírito é a prova da sua habitação em nossa vida e a base da nossa segurança espiritual, Rm.8:9; 1Jo.4:13. 


 Itajubá, 12 de Setembro de 2006 
          Rev. Ivan G. G. Ross. 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A ORIGEM E AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO


Leitura Bíblica: Gênesis 4:3-16 (A vida de Caim) 

1. A Origem do Pecado. “Deus criou o homem reto” Ec.7:29, isto é, Adão, no princípio, era um ser moral e espiritualmente perfeito, porém, com a possibilidade de sofrer uma mudança. Por que Deus o criou assim? Sabemos que Deus podia tê-lo criado sem a perspectiva de mudança e sem uma responsabilidade moral e espiritual. Mas Deus queria um ser que pudesse amá-lo e obedecê-lo por livre e espontânea escolha, sem a imposição de uma obrigação involuntária. O alvo foi um amor e uma obediência que emanassem do coração. Por isso, Deus sujeitou o homem a uma prova de integridade, moral e espiritual. 

Deus, ao contemplar o jardim cheio de árvores frutíferas, mais do que suficientes para o sustento do casal, disse a Adão: “De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” Gn.2:16-17. Sabemos que o homem não resistiu à tentação, e perdeu a sua retidão, comendo da árvore proibida, Gn.3:6. O Ap. Paulo observou: “Porque como, pela desobediência de um só homem (Adão), muitos se tornaram pecadores” Rm.5:19. Esta é a origem do pecado entre a humanidade. A Bíblia define o mal dizendo: “O pecado é a transgressão da Lei” 1Jo.3:4. Portanto, todo e qualquer pecado é uma manifestação de desobediência e uma rejeição audaciosa da autoridade de Deus, o seu Criador. 

2. Os Pecados de Caim. Agora que o pecado entrara na vida do homem, a Bíblia registra a sua rápida multiplicação. Adão cometeu o primeiro pecado, e, Caim, seu filho primogênito cometeu os próximos pecados registrados na Bíblia. Nesse sentido, a história de Caim é de suma importância para nos ensinar como o pecado se amplia. Quais são alguns destes pecados? 

a) Ele desobedeceu a Deus em seu ato de culto. A primeira, e a principal lei para toda a humanidade é: “Amarás (obedecerás, Jo.14:15) o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento” Lc.10:27; Mt.22:38. Prestamos culto a Deus obedecendo aos princípios que Ele mesmo prescreveu. O sacrifício de um cordeiro foi a maneira indicada por Deus para um culto aceitável, porque, sem o derramamento de sangue, não há remissão, Hb.9:22. Para ter acesso à presença de Deus, o pecado tem que ser perdoado mediante os méritos do sacrifício. Caim desobedeceu, oferecendo a Deus “o fruto da terra”, em flagrante desprezo à ordem do seu Criador. Não podemos inventar o nosso próprio modo de cultuar a Deus. Devemos perguntar a nós mesmos (especialmente em nossos dias de tanta mudança): o culto que estou prestando a Deus tem o respaldo das Escrituras Sagradas? A Bíblia tem este comentário sobre a vida deste homem infeliz: “Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que amemos uns aos outros; não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou o seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras (seu culto) eram más, e as do seu irmão (seu culto) justas” 1Jo.3:11-12. Um culto errado é a evidência da presença de pecado na vida daquele que o presta. Desta rejeição de Deus, ou, da rebelião contra as suas ordens, nascem todos os demais pecados. O Salmista faz uma pergunta urgente: “Quem há de permanecer no seu santo lugar?” E logo vem a resposta irrefutável: “O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade (de um culto errado), nem jura dolosamente” Sl.24:3-4. Cuidado com as nossas atitudes quando procuramos cultuar a Deus. Ele não aceita invenções humanas. 

b) Ele desobedeceu a Deus permitindo pensamentos errados entrarem em seu coração. O homem que não respeita a autoridade de Deus, também não consegue respeitar os direitos de seu próximo. Quando Caim percebeu que Deus rejeitara a sua oferta, ficou irado e descaiu-lhe o semblante. Em outras palavras, por não ter mais o temor de Deus, ele cultivou todo tipo de pensamentos perigosos. Temos a responsabilidade de peneirar e levar “cativo todo pensamento à obediência de Cristo 2Co.10:5. Deus viu as intenções que jaziam à porta do coração de Caim e lhe disse: 

“O seu desejo será contra ti, mas a ti, cumpre dominá-lo”. Pensamentos errados podem dar à luz a um pecado consumado, como no caso de Caim. Temos a responsabilidade moral de rejeitá-los; e o caminho certo para alcançar esta vitória é substituir o errado pelas verdades puras das Escrituras Sagradas, lendo e meditando sobre elas todos os dias. Não existe uma mente vazia, ela foi criada para ser habitada. Vamos manifestar a plenitude do Espírito Santo em nossa vida, cultivando pensamentos que agradam a Deus, Ef.5:15-20. 

c) Ele desobedeceu a Deus quando assassinou o seu próprio irmão. Vamos reconhecer que este assassinato foi o resultado de pensamentos errados. O Ap. Tiago escreveu: “A cobiça (pensamentos inconvenientes), depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” Tg.1:15. A Bíblia ensina: “O salário do pecado é a morte” Rm.3:23. Mas, quando Adão pecou, a sua morte não foi imediata. Por quê? Porque Deus, em sua muita misericórdia, quis lhe dar tempo para se arrepender. Contudo, as dores da morte começaram e o perseguiram durante todos os dias da sua vida. Caim, por não ter se arrependido, passou a experimentar todo tipo de angústias emocionais que lhe causaram sofrimentos incessantes. A Bíblia nos adverte: “De Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” Gl.6:7. 

3. As Consequências do Pecado de Caim. Quando o Salmista pecou, ele descreveu a sua agonia, dizendo: “Enquanto calei os meus pecados (não os confessando), envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio” Sl.32:3-4. Quais foram alguns dos sofrimentos de Caim? 

a) Deus o amaldiçoou, isto é, retirou dele as suas bênçãos sustentadoras, deixando-o exposto a colher todas as consequências negativas de seus pecados. “E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem cousas inconvenientes” Rm.1:28. 
b) Ele perdeu a sua paz e comunhão com Deus, bem como a relação harmoniosa com seu irmão. “Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz” Is.57:21. “Vem a destruição; eles buscarão paz, mas não há nenhuma. Virá miséria sobre miséria” Ez.7:25-26. Uma vida sem paz é uma vida sem esperança, Ef.2:12. 
c) Ele passou a ser fugitivo e errante, sempre correndo para uma ou outra direção; buscando segurança e alento, mas não os achando; experimentando prazeres carnais, somente para descobrir que tais coisas são vazias e sem substância, um correr atrás do vento, Ec.2:17. 
d) Ele tinha medo de ser assassinado. Seu próprio crime se levantou contra ele para o atormentar. “Tomam-se de grande pavor, onde não há a quem temer” Sl.53:5. Uma consciência revoltada contra o seu próprio dono causa sofrimentos indescritíveis. “Acusados pela própria consciência” Jo.8:9. 
e) Em vez de se arrepender, Caim preferiu continuar em sua loucura. Ele mesmo impediu a possibilidade de ser perdoado. A sua história termina com este registro: “Retirou-se Caim da presença do Senhor.” Retirou-se para viver uma vida de acordo com a sua própria vontade. Ele não quis que Deus reinasse sobre a vida dele. O salário do pecado se cumpriu na experiência deste homem. 

4. Uma Palavra de esperança.  Apesar da desobediência intencional do homem, a Bíblia afirma: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” Jo.3:16. Deus não tem prazer na morte do pecador, Ez.18:23,32. Por que Deus deu o seu Filho? Ele o enviou para buscar e salvar pecadores, Lc.19:10. O que significa crer em Jesus Cristo? Temos que conhecer, entender e confiar em tudo o que Ele fez por nós quando morreu em nosso lugar na cruz do Calvário. Ele veio para dar a sua vida em resgate por muitos, isto é, pagar com a sua própria vida o preço da nossa salvação. Em Cristo, temos a redenção, pelo sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, Ef.1:7. Eis a essência do evangelho, a redenção e o livramento do poder escravizador do pecado; e, remissão, o perdão de todos os nossos pecados. Em relação ao nosso pecado, o próprio Senhor disse: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro” Is.43:25. Quando descansarmos nestas verdades seremos salvos. Quais são os passos essenciais para que alcancemos a salvação? 

a) Fé em Jesus Cristo, acreditando e confiando em tudo o que Ele fez por nós quando morreu como o nosso substituto na cruz do Calvário. 
b) Arrependimento, o abandono de todas as práticas pecaminosas, inclusive aqueles pensamentos errados que jazem à porta do nosso coração. 
c) Dando um bom testemunho da nossa fé e esperança em Jesus Cristo, mediante uma vida santa e irrepreensível. 

A promessa das Escrituras Sagradas é esta: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa” At.16:31. Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda a certeza desta gloriosa salvação. 



Rev. Ivan G. G. Ross. 
Itajubá, 30 de Junho de 2010